Numa jornada estonteante com o FC Vizela a experimentar os três primeiros lugares em noventa minutos, o final do desafio foi tremendamente agreste para a única equipa que quis vencer. Uma infelicidade de João Reis ditou o empate a uma bola com o Académico de Viseu e os vizelenses deixaram de depender de si próprios para uma subida direta.

As bancadas do Estádio do FC Vizela estiveram muito bem compostas, com direito a coreografia e forte entusiasmo pela possibilidade de subida. Mais de três mil puxaram pela equipa, ao mesmo tempo que acompanhavam o que acontecia em Tondela. A responsabilidade de vencer recaía naturalmente no FC Vizela, que trabalhou muito para sair vencedor, embora a primeira ameaça no jogo tenha pertencido ao Académico de Viseu. Aos 5 minutos, André Clóvis encontrou espaço na direita para o cruzamento e Messeguem atirou com estrondo ao poste. Esse acabaria por ser o único lance ofensivo dos beirões na primeira parte, já que, após sacudir algum nervosismo inicial, o conjunto de Fábio Pereira pegou no jogo e gradualmente se instalou no ataque. Aos 9 minutos, Damien Loppy arrancou pela direita, fez o cruzamento e Thio cabeceou por cima. Pouco depois, foi Thio no passe e Vivaldo Semedo no remate. As ocasiões sucediam-se e os adeptos levavam as mãos à cabeça. À boca da baliza, Vivaldo Semedo não intercetou novo cruzamento de Thio e, aos 25 minutos, o viseense Kauã Oliveira evitou de forma providencial que Morschel pudesse dar o melhor seguimento à boa jogada de Damien Loppy, elemento sempre muito solícito no ataque dos azuis. Vivaldo Semedo voltaria a criar perigo num canto, tal como Morschel com um remate forte que saiu a rasar o poste direito da baliza de Matheus Sampaio. A cinco minutos do intervalo, João Reis também tentou de trivela. Só dava FC Vizela. O nulo persistia teimoso, mas Morschel lá encontrou o caminho da felicidade sobre o minuto 45. Referência para o bom trabalho de Damien Loppy a encontrar Morschel e este, em grande estilo, a tirar um contrário do caminho e a fazer explodir as bancadas, onde começava a reinar uma enorme tensão pelo volume de jogo ofensivo criado sem a devida recompensa. Ao intervalo, o FC Vizela mostrava-se superior ao Académico, a fazer lembrar o que fizera no jogo da primeira volta em Viseu, e estava por esta altura na liderança da Liga Portugal 2 Meu Super.

Porém, o futebol é imprevisível e o final do desafio acabaria por ser demasiado antagónico com aquela que foi a história do mesmo. Os vizelenses entraram até melhor no reatamento do que acontecera na primeira parte, mais pressionantes e a acercarem-se da baliza contrária com muita frequência. Logo a abrir, João Reis protagonizou um grande pontapé para enorme defesa de Matheus Sampaio. O capitão, que substituiu Lebedenko no onze inicial, realizou um bom jogo e foi interventivo no plano ofensivo. Aos 53 minutos, Vivaldo Semedo procurou o segundo com um remate à meia volta. O Académico de Viseu apenas esporadicamente apostava numa ou noutra transição. Samba Koné e André Clóvis foram os que causaram algum incómodo a Ruly e seus pares. Na outra área, o FC Vizela continuava incessantemente em busca do 2-0. Rodrigo Ramos, João Reis, Morschel e Diogo Nascimento bem tentaram. Tal procura pelo golo causava também algum desgaste e Fábio Pereira foi tentando refrescar a equipa. À entrada para o último quarto de hora, Henrique Gomes causou um momento de frisson nas bancadas, mas foi ao cair do pano que o cenário mudou radicalmente para o FC Vizela. No espaço de um minuto, os vizelenses ficaram muito perto de sentenciar a partida, não fosse o desacerto de Milovanovic, por duas vezes no mesmo lance, e acabaram traídos numa transição de desfecho aparentemente inofensivo por parte do Académico. Nigel Thomas aproveitou uma desatenção para lançar Alan Marinelli, este quis fazer o cruzamento para a área de ninguém, mas a tentativa de interceção de João Reis traiu Ruly e o entusiasmo dos vizelenses sofreu rude golpe. O FC Vizela passava do primeiro para o terceiro posto, lugar de play-off, deixando de ter a vantagem de poder depender de si próprio. Os azuis atacaram 38 vezes e remataram por 24 ocasiões, mas isso não chegou para sair da jornada com os três pontos, os mesmos que, mais que nunca, quererão conquistar na Madeira. Os vizelenses partem em busca da felicidade no confronto com o Marítimo, felicidade essa que depende de um deslize do Alverca (recebe Portimonense) ou Tondela (desloca-se a Leiria).

FICHA TÉCNICA

FC Vizela 1-1 Académico de Viseu FC

Local: Estádio do FC Vizela (3.756 espectadores)

Árbitro: Anzhony Rodrigues (AF Madeira)

Assistentes: David Moisés (AF Porto) / Miguel Martins (AF Aveiro)

4º Árbitro: Fábio Melo (AF Porto)

Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Rui Oliveira (AF Porto) / Tiago Costa (AF Porto)

FC Vizela (4x3x3): Ruly; Rodrigo Ramos (Marco Tol, 74’), Anthony Correia, Rhyner e João Reis (C); Diogo Nascimento (Bastunov, 85’), Yannick Semedo (Prosper Obah, 63’) e Morschel; Damien Loppy, Vivaldo Semedo (Milovanovic, 85’) e Thio (Busnic, 63’).

Suplentes não utilizados: Miguel Morro, Jota, Petrov e Ricardo Schutte.

Treinador: Fábio Pereira

Académico de Viseu FC (3x4x3): Matheus Sampaio; Kauã Oliveira, Sori Mané e Henrique Gomes; Paulinho, Samba Koné (Marquinho, 60’), Mortimer (Miguel Bandarra, 79’) e Messeguem; Yuri Araújo (C) (Gohi, 60’), André Clóvis (Nigel Thomas, 73’) e Simão Silva (Alan Marinelli, 60’).

Suplentes não utilizados: Gomes Gerth, Aidara e Kelve Semedo.

Treinador: Sérgio Vieira

Golos: 1-0 Morschel (45’) e 1-1 João Reis (90’, p. b.).

Cartões Amarelos: Rodrigo Ramos (30’), Henrique Gomes (45’+2’) e Marco Tol (78’).

• 📷 FC Vizela 1-1 Académico de Viseu FC
• “Está tudo em aberto para a última jornada”
• Tarde de emoções fortes com final gélido
• “Temos de nos focar no nosso jogo”
• Busnic vence Golo de abril by Atual Marcas