No final do encontro, o treinador do FC Vizela reconheceu aos jornalistas a pálida imagem deixada no D. Afonso Henriques, que surge expressa no resultado desnivelado (3-0).
Tulipa assumiu a responsabilidade pelo menor desempenho, considerou que a ocorrência na bancada terá contribuído para a perda de foco e lamentou ver a equipa sofrer novamente de bola parada, num lance muito semelhante ao do jogo com o FC Paços de Ferreira. Ainda assim, Tulipa acredita que o segundo objetivo que delineou para a presente época, a meta dos 42 pontos, será alcançado nas três rondas que faltam para o fecho de prova.
ANÁLISE AO JOGO: “Não fomos nós na primeira parte. Não fomos nós porque não nos adaptámos à estrutura do adversário. O plano de jogo não teve o efeito desejado e a responsabilidade é minha. Achávamos que, numa estrutura a quatro, conseguíamos suster o jogo posicional do adversário, com os alas andarem um bocadinho por dentro e os laterais a darem muita profundidade. Não estivemos bem na forma como pressionámos o adversário na sua saída a três. Nunca estivemos dentro do jogo na primeira parte. Depois, a história do adepto, que espero claramente que fique bem, também nos arranjou algum transtorno. Sofremos o segundo quando queríamos corrigir algumas coisas. Não existimos na primeira parte e a responsabilidade é claramente minha, do treinador. Na segunda parte, ajustámos a equipa. A perder por 2-0, acabámos por trazer um terceiro homem para a nossa linha defensiva, um central, tirando um «seis», ficámos com dois «oitos», igual à estrutura do adversário. Tirámos também o Nuno, que veio de alguma ausência, e metemos o Kévin. Melhorámos, fomos mais nós, fomos uma equipa que normalmente tem bola, tivemos ali algumas oportunidades para fazer, mas efetivamente não materializámos e depois, em mais uma boa ação do adversário, fizeram o 3-0 e o jogo teve uma limpeza muito grande em relação à superioridade do Vitória SC e àquilo que foi o FC Vizela.”
INFLUÊNCIA DO EPISÓDIO NA BANCADA: “Tirando essa parte que envolveu o adepto, em muitos momentos do jogo, em muitas paragens, nós perdemos foco, perdemos concentração e não pode ser. Uma equipa de alta competição não pode ter esse desleixe. Volto a repetir: não fomos nós, não estivemos lá na primeira parte. Estivemos muito aquém daquela que é a nossa agressividade e não foi agradável a primeira parte. Depois, por coisas muito simples, conseguimos corrigir, mas não com o poder que temos para ferir. Os adversários também nos vão conhecendo, já não andam com uma linha tao alta e têm também uma preocupação em defender bem o espaço. Nós, com o nosso ponta, atacámos bem a profundidade. Temos de arranjar alternativas no nosso jogo para podermos ferir o adversário.”
SOFRER DE BOLA PARADA: “Enquanto treinador, tenho que dar coisas, tenho que dar energia. É bem pior ter uma situação idêntica à que tem Marítimo, Paços ou Santa Clara. Nós temos uma posição estável, mas não queremos estar estáveis. Queremos fazer mais pontos e isso é muito responsabilidade do treinador, a forma como estimula a equipa, como prepara os jogos. Acabámos por sofrer um golo muito idêntico ao do passado fim-de-semana. Atacamos muito à frente e deixamos muito espaço no segundo poste. Temos um processo zonal e, quando defendes, não podes sair da tua zona de ação. Nós encostámos muito à frente, sabemos que o adversário mete lá muitos jogadores. Eles começam a entender que os nossos jogadores mais baixos andam naquela zona e prepararam uma bola parada de forma eficaz para fazerem o segundo.”
OBJETIVO DOS 42 PONTOS: “Não somos proibidos de sonhar. As pessoas podem e devem sonhar. O meu segundo objetivo foi sempre muito claro. Disse que gostaria de fazer o mesmo número de pontos da primeira volta e temos três jogos para o fazer. Este jogo tem um peso importante porque não fomos nós. Normalmente, somos uma equipa consistente. Mas hoje não o fomos na primeira parte e isso tem um peso. Há outra coisa mais pessoal, que tem a ver comigo. Voltei a não gostar do que aconteceu no final do jogo. Sou treinador, deram-me uma oportunidade, não pedi nada a ninguém, fiz o meu trabalho. Na minha opinião, isto que está a acontecer consecutivamente não é bom para ninguém, não é bom para os jogadores, para a equipa, para o clube, e esta é uma bola de neve que tem de se solucionar.”