O treinador do FC Vizela exultou a coragem dos seus jogadores em discutir os pontos, olhos nos olhos, em pleno Estádio do Sport Lisboa e Benfica, sublinhando a importância do ponto amealhado numa partida em que chegou a estar na frente do marcador.
Análise ao jogo: “O empate acaba por se ajustar. O jogo foi repartido. Houve momentos em que estivemos por cima, outros em que tivemos de sofrer. O mais importante era a resposta que tínhamos de dar àquilo que foi o nosso último jogo. Chegámos aqui à Luz e jogámos olhos nos olhos. As incidências que o jogo foi dando foram provocadas pela coragem que a nossa equipa demonstrou. Fomos das equipas que mais remates fez no Estádio da Luz esta época. Isso revela a coragem e a vontade que nós tivemos em querer levar mais pontos. Pelo caudal que o SL Benfica teve nesta parte final, acabámos por ser felizes, coisa que podíamos ter sido nos momentos em que estivemos por cima. Penso que levar daqui um ponto nesta fase é importante. Cada ponto é importantíssimo.”
Última vitória a 30 de Janeiro: “Tirando o jogo com o Santa Clara, sentimos que, em todos os outros, merecíamos mais. Aqui ou acolá, há alguns pormenores que nos estão a faltar. Também uma ponta de sorte, que nós tivemos hoje na parte final. O mais importante que eu vou dizer aos meus jogadores é para sermos nós, aquilo que é a nossa essência, a nossa identidade, independentemente de quem está do outro lado. Jogar sempre para ganhar. Temos de ter a capacidade e inteligência de interpretar o que o jogo nos vai dando para conseguirmos adaptar-nos e impor o nosso jogo. Hoje tivemos períodos por cima porque tivemos critério, coragem e capacidade de desmontar as linhas do SL Benfica. Obrigámos o SL Benfica a jogar em contra-ataque, depois houve um período em que tivemos de sofrer e ser solidários. Fomos premiados com um ponto. Agora, temos de dar continuidade àquilo que nós somos, a esta identidade.”
Arbitragem: “Foi a exibição menos conseguida. Em relação ao jogo, até aos 70’, a equipa esteve compacta, serena e tranquila. Tanto na pressão alta como quando obrigados a baixar, fomos resolvendo o problema. Com bola tivemos sempre um critério muito grande. Estávamos confortáveis e o golo é o espelho disso mesmo. Conseguimos desmontar a estrutura do SL Benfica e fazer golo. Antes do golo, já tínhamos tido oportunidades para o fazer. Mas esse período foi o momento de fazer duas substituições por lesão, não foi para quebrar ritmo. O Koffi sentiu uma dor no adutor e teve de sair. O Bruno Wilson, a fazer um passe, rasgou. Nesse momento, a massa associativa do SL Benfica teve um papel importante de alavancar os seus jogadores. Do outro lado, esteve uma equipa que não está habituada a isto, faz parte do crescimento dos jogadores. Mas esse foi um momento em que tivemos de sofrer e os jogadores mostraram uma grande solidariedade, aquilo que é uma equipa na sua essência, e foram uns campeões.”
Ajustes posicionais: “Pedi porque, se repararem, com a expulsão, estrategicamente o jogo ficou todo alterado. O SL Benfica deixou de fazer pressão alta e baixou. Apostou sempre nas transições e estava a deixar Darwin e Rafa em posições estratégicas para criar oportunidades. Passar uma mensagem com este barulho todo não é fácil. Estava farto de dizer que era muito importante o posicionamento dos médios. O Bruno Wilson já tinha amarelo, podia ter que fazer outra falta e vir cá para fora. Os nossos médios tinham de ser criteriosos. Na segunda parte, melhorámos isso até ao momento das lesões. Aí sim, perdemos um pouco a nossa estratégia, o nosso foco.”
Queixas sobre eventual antijogo: “As minhas equipas não fazem antijogo. Temos de valorizar o espetáculo. Houve ali um período de quebra? Houve um período em que dois jogadores tiveram de ser substituídos por lesão. Dou a minha palavra de honra: nunca vão ver as minhas equipas a fazer antijogo. Os árbitros têm um papel muito importante. Não é fácil para eles. Uma vez, ainda no Campeonato de Portugal, um jogador nosso teve de ser substituído, saiu por lesão e o árbitro, por pensar que estava antijogo, deixou-o lá fora dois ou três minutos. É uma estratégia que os árbitros podiam fazer. Acredito que da próxima vez o treinador dessa equipa não iria querer ficar em inferioridade numérica.”
Substituições: “Falei com os meus jogadores que tínhamos de aumentar a agressividade na pressão alta. O Rashid já tinha amarelo. Na nossa forma de pressionar, que é agressiva, ele punha-se a jeito de levar o segundo. O Sarmiento foi a primeira vez que jogou a titular, num jogo que estava muito rápido, muito intenso, e ele, às vezes, sentia alguma dificuldade nos ajustes, não só defensivos, mas também com bola, o que é compreensível. O Nuno Moreira é um jogador de grande potencial, em quem acreditamos muito. Era importante ele perceber a estratégia e as funções que tinha. Naquele momento, estava-se a esquecer de fazer bem a pressão sem bola e isso estava-nos a criar desconforto porque o SL Benfica estava sempre a entrar por fora. Ele não estava a ser capaz de anular isso, faz parte do crescimento. É um jogador com um potencial muito grande e não tenho dúvidas de que esta experiência o vai fazer crescer.”