Faltou o golo para coroar grande exibição

O FC Vizela registou um empate sem golos no Fontelo, naquela que foi claramente uma das melhores exibições da temporada. A turma de Fábio Pereira foi superior ao Académico em todos os aspetos, dispôs da melhor situação do jogo numa bola de Morschel à barra, ficando a dever apenas na finalização para coroar um desempenho muito personalizado.

No encerramento da primeira volta, a deslocação a Viseu revestia-se de importância e dificuldade, já que o FC Vizela ia encontrar pela frente um dos principais candidatos à subida que estreava Sérgio Vieira no comando técnico. Fábio Pereira operou duas mudanças relativamente ao encontro com o Marítimo, apostando no regresso de Jota e Milovanovic à titularidade. A determinação, a garra e o querer, predicados tão importantes nos triunfos sobre FC Porto B e Marítimo mantiveram-se intocáveis e o FC Vizela apresentou-se no Fontelo com enorme espírito competitivo. Ainda que os dois primeiros remates no jogo tenham pertencido ao Académico, ambos através de Miguel Bandarra, o segundo dos quais superiormente travado por Ruly, a verdade é que o FC Vizela foi crescendo e rapidamente tomou conta das operações. Morschel tentou alvejar a baliza por duas ocasiões, ainda no quarto de hora inicial, antes de criar grande perigo numa recarga ao remate de Diogo Nascimento, numa investida que acabaria anulada por falta de Milovanovic. A pressão alta exercida pelos homens de Fábio Pereira dava frutos e relegava a turma da casa para um plano inferior no desafio. Além disso, a excelente mobilidade do setor ofensivo ia causando dores de cabeça a Domen Gril e seus companheiros. Depois de tentativas de Diogo Nascimento, Yannick Semedo e Prosper Obah, entre os vinte e os trinta minutos, a mais flagrante oportunidade para o FC Vizela surgiu aos 34’. Grande cruzamento de Yannick Semedo na esquerda e portentoso cabeceamento de Morschel à barra, a subscrever o grande momento dos vizelenses no jogo. Na sequência do lance, Domen Gril ainda teve de se aplicar para não ser surpreendido num desvio de um colega ao cruzamento de Jojó. Aos 41 minutos, Diogo Nascimento voltou a ensaiar o remate, com a bola a sair ligeiramente por cima, e o Académico apenas de muito longe voltaria a tentar o alvo, com Ruly seguro a agarrar o remate de Miguel Bandarra, praticamente o único elemento rematador dos viseenses. Os dados ao intervalo não deixavam dúvidas: o FC Vizela foi superior com bola e em número de remates, ataques e pontapés de canto.

A entrada para o segundo tempo revelou a tendência deixada na primeira metade: um FC Vizela dono e senhor do jogo, a empurrar sucessivamente o Académico para o seu último reduto. Logo aos 47 minutos, Morschel, que viria a ser distinguido como Homem do Jogo, ficou muito perto de abrir a contenda, no seguimento de um dos muitos cantos conquistados pelos vizelenses. Valeu a Gril o desvio providencial de um colega. Diogo Nascimento, sempre muito ativo a ligar o jogo do FC Vizela, armou novo disparo, desta vez às malhas laterais. Morschel, Prosper Obah e Milovanovic também visaram a baliza. A estatística continuava a desequilibrar cada vez mais a balança da produção ofensiva das duas equipas. Aos 70 minutos, Fábio Pereira refrescou a frente de ataque com as entradas de Vivaldo Semedo e Thio Ntolla. O extremo francês procurou desde logo mostrar credenciais: grande remate de Thio para intervenção atenta de Domen Gril. O Académico de Viseu apenas conseguiu aliviar um pouco a pressão exercida pelos vizelenses nos instantes finais. Aí, foi altura de a defensiva do FC Vizela revelar segurança. Primeiro, foi Anthony Correia a desviar as intenções do remate de Samba Koné, depois foi Ruly, guarda-redes que dias antes renovara o seu contrato até 2026, a defender muito bem o remate em arco de Kahraman.

O resultado não viria a ser desfeito, é um ponto fora num terreno muito complicado, é verdade, mas o FC Vizela deu espetáculo, mostrou enorme segurança no seu desempenho e os números foram avassaladores nos restantes indicadores estatísticos, como por exemplo, em cantos (12-2) e remates (21-7). Dados que sustentam a confiança dos adeptos numa segunda volta mais condizente com o emblema e com a identidade vizelense.

FICHA TÉCNICA

Académico de Viseu FC 0-0 FC Vizela

Local: Estádio Municipal do Fontelo (1.718 espectadores)

Árbitro: Luís Filipe (AF Lisboa)

Assistentes: Fábio Monteiro / Pedro Fonseca

4º Árbitro: André Botelho (AF Setúbal)

Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Sílvia Domingos (AF Setúbal) / Rui Soares

Académico de Viseu FC (4x2x3x1): Domen Gril; Paulinho, André Almeida (C), Michelis e Henrique Gomes; Sori Mané e Messeguem (Samba Koné, 64’); Miguel Bandarra (Famana Quizera, 57’), Mortimer (Kahraman, 57’) e Gautier Ott (Yuri Araújo, 77’); André Clóvis (Diogo Almeida, 57’).

Suplentes não utilizados: Matheus Sampaio, João Pinto, Aidara e Igor Milioransa.

Treinador: Sérgio Vieira

FC Vizela (4x4x2): Ruly; Jojó, Jota (C), Anthony Correia e Lebedenko; Prosper Obah (Thio Ntolla, 70’), Yannick Semedo, Diogo Nascimento e Damien Loppy (Rodrigo Ramos, 90’); Milovanovic (Vivaldo Semedo, 70’) e Morschel (Busnic, 82’).

Suplentes não utilizados: Ruberto, Rhyner, Momo, Bastunov e João Reis.

Treinador: Fábio Pereira

Cartões Amarelos: Messeguem (14’), Paulinho (72’) e Jota (80’).

“Só faltou um golo. Fomos muito melhores ao longo de todo o jogo. Tivemos muitas oportunidades. Se o fizéssemos, iríamos ganhar por mais. O sentimento do grupo é bom.”

Morschel (Jogador do FC Vizela e Homem do Jogo)

“Foi provavelmente o melhor jogo desde que cheguei, mas não fomos eficazes. Deixámos ficar dois pontos, mas estou muito satisfeito com os jogadores. A haver um vencedor, teria de ser o FC Vizela e por uma margem superior a um golo.”

Fábio Pereira (Treinador do FC Vizela)