O caminho marítimo para o triunfo escreveu-se com a remontada de um 0-2 para um justíssimo 3-2. O FC Vizela foi sempre superior e festejou a segunda vitória consecutiva.
É justo que um jogo e um triunfo destes se comece a contar pelo fim e pela reviravolta histórica, mas a bem da verdade é justo dizer que o caminho desta partida teve mais FC Vizela desde o início e nem mesmo os dois tiros sofridos contra a corrente do jogo baixaram a guarda de uma equipa que foi sempre superior ao Marítimo, muitas das vezes até bastante superior.
O Marítimo só foi superior ao FC Vizela em quatro minutos. E isto porque, numa fase em que as equipas ainda estavam a conhecer-se, fez o primeiro do jogo. Carlos Daniel recebeu um passe de Igor Julião nas costas da defensiva vizelense e, à saída de Ruly, fez o primeiro do jogo. Ao minuto 5, logo de seguida, portanto, começou a forte reação do FC Vizela, sempre veloz a rolar a bola, agressivo nas aproximações à área e diversificado nas soluções para lá chegar. Primeiro com alguns ensaios de longe, depois com um par de cruzamentos mal medidos, depois com Lebedenko a isolar-se (20′) e a permitir uma boa defesa de Gonçalo Tabuaço. Na sequência do lance, o FC Vizela ficou a reclamar penálti. Aliás, houve alguns lances divididos e duvidosos, todos sem falta assinalada, mas todos a darem a sensação de que a equipa estava a aproximar-se da baliza do Marítimo e a tornar cada vez mais difícil a vida à defesa adversária. O Marítimo tentava sair em contra-ataque, mas só uma vez o conseguiu, por Martim Tavares. O chapéu a Ruly ficou, no entanto, largo.
Os vizelenses continuavam a carregar. Lebedenko, de fora da área, voltou a tentar. Rodrigo Ramos também, em jeito. E a seguir, na grande área, para uma defesa incrível de Gonçalo Tabuaço. O lance foi, porém, invalidado, por fora-de-jogo de Prosper Obah, que cruzara. Contra a corrente do jogo, num pontapé de canto, Romain Correia – irmão gémeo de Anthony – fez o 0-2, cada vez mais injusto para aquilo que as equipas faziam. Mas nem assim, com 40 minutos decorridos, o FC Vizela acalmou ou caiu psicologicamente. E ainda bem, porque faltavam cinco minutos para o intervalo e havia tempo para Morschel, de cabeça, após cruzamento de Prosper Obah, reduzir para 1-2 (44′). Estava relançado o jogo e minimizado o sentimento de injustiça que, ainda assim, se sentia ao intervalo.
A alma e a atitude com que a primeira parte já tinha terminado foi replicada no início da segunda. Ao cabo de dez minutos de tendência única, o FC Vizela chega finalmente ao empate. Morschel toca de calcanhar para deixar Yannick Semedo na cara do golo. O remate é colocado e o 2-2 começa finalmente a colorir uma tarde chuvosa, mas onde o futebol vizelense tinha pinceladas de qualidade e bons ensaios ofensivos. Sem tempo para travar, os da casa escolhiam, agora, preferencialmente o lado esquerdo para carrilar ataques. Lebedenko estava endiabrado e Thio Ntolla, entrado ao intervalo para o lugar de Rodrigo Ramos, também agitava. Os lances de golo sucediam-se e, aos 65′, em dois lances sucessivos, o 3-2 ficou à tangente. Primeiro Morschel, que perdeu no frente a frente com Gonçalo Tabuaço. Na sequência desse pontapé de canto, excelente disparo de Lebedenko e defesa ainda melhor do guarda-redes maritimista. O golo aproximava-se e mais perto ficou com a entrada de Milovanovic (67′). Com dois homens em cunha, o FC Vizela ganhou presença de área e foi assim que aproveitou uma bola perdida para passar para a frente. O sérvio recolheu já na área e disparou muito colocado. Estava restituído o resultado natural a todos os que assistiam ao jogo, mas o tempo ainda não era de colocar trancas na porta. Pelo contrário, a equipa tentou procurar o quarto para matar o jogo de vez, mas não conseguiu e, estranhamente, até recuou depois da expulsão de Francisco França, do Marítimo, que, aos 74′, deixou a sua equipa com a missão ainda mais complicada.
Com mais um jogador e quinze minutos para se jogar, as posses do FC Vizela aumentaram de tempo, o jogo passou a ser mais pausado e a aposta principal passou por gerir com estabilidade para não deixar fugir o pássaro que custou tanto a caçar. O Marítimo lançou desesperadamente bolas para o último terço vizelense, mas quase todas resolvidas pela defensiva dos da casa, que sofreram de emoção, mas com razão nunca viram a baliza de Ruly realmente em perigo até ao final do desafio.
FICHA TÉCNICA
FC Vizela 3-2 CS Marítimo
Local: Estádio do FC Vizela (1.102 espectadores)
Árbitro: Flávio Jesus (AF Aveiro)
Assistentes: Luís Costa e Renato Carvalho
4º Árbitro: Daniel Vale (AF Braga)
VAR/AVAR: Bruno Vieira (AF Beja) / Inês Andrada
FC Vizela (4x2x3x1): Ruly; Jójó (Miguel Tavares, 90’+2’), Anthony Correia (C), Rhyner e Lebedenko; Yannick Semedo e Diogo Nascimento; Prosper Obah (Milovanovic, 67’), Rodrigo Ramos (Thio Ntolla, 45’) e Damien Loppy (Bastunov, 90’+2’); Morschel (Busnic, 82’).
Suplentes não utilizados: Ruberto, Jota, João Reis e Vivaldo Semedo.
Treinador: Fábio Pereira
CS Marítimo (3x4x3): Gonçalo Tabuaço; Romain Correia, Rodrigo Borges (Borukov, 69’) e Júnior Almeida; Igor Julião, Ibrahima Guirassy, Danilovic e Tomás Domingos (Francisco Gomes, 82’); Carlos Daniel (Noah Madsen, 69’), Martim Tavares (Dani Benchi, 69’) e Bernardo Gomes (Francisco França, 56’).
Suplentes não utilizados: Samu, China, Carlos Almeida e Rodri.
Treinador: Rui Duarte
Golos: 0-1 Carlos Daniel (4’), 0-2 Romain Correia (40’), 1-2 Morschel (44’), 2-2 Yannick Semedo (56’) e 3-2 Milovanovic (72’).
Cartões Amarelos: Francisco França (58’ e 74’) e Borukov (90’+2’).
Cartão Vermelho: Francisco França (74’).
“Estou muito feliz pela vitória. Reagimos bem, metemos garra, concentração e merecemos o triunfo. Estou num bom momento, mas isso é graças a todo o grupo.”
Yannick Semedo (Jogador do FC Vizela e Homem do Jogo)
“Vitória justíssima e muito dos jogadores. Não podemos prometer que vamos ganhar sempre, mas queremos que a equipa tenha sempre, no mínimo, alma, atitude e vontade de vencer.”
Fábio Pereira (Treinador do FC Vizela)