Drama no último suspiro

Na importante deslocação a Vila Nova de Famalicão, o FC Vizela sofreu um castigo demasiado pesado no último lance do desafio, depois de ter conseguido a difícil missão de recuperar de uma desvantagem de duas bolas trazida do primeiro tempo. Lokilo e Petrov desanuviaram um cenário que se pintava de negro, reanimaram equipa e adeptos, mas um golpe de teatro de Jhonder Cádiz aos 90’+5’ foi fatal aos vizelenses.

Não sendo decisivo, o jogo em Famalicão revestia-se de uma importância distinta. Com o campeonato a aproximar-se rapidamente do fim e com o FC Vizela a viver o ano mais difícil no plano desportivo, desde que chegou à I Liga, pontuar no Municipal seria ouro.

Não foi assim, por muito que a esperança tenha efetivamente existido num encontro onde as emoções beijaram os extremos. Do inferno ao (quase) céu bastou um intervalo, uma mudança de partes (e prestação) que permitiu ao conjunto de Rubén de la Barrera alcançar um 2-2, após recuperação notável de uma desvantagem de dois golos, algo que é sempre de realçar em Famalicão. Contudo, sem que nada o fizesse prever, Jhonder Cádiz apareceu no papel de vilão e deu a vitória à formação de Armando Evangelista, treinador que já esteve de Rainha ao peito, deixando o FC Vizela de rastos animicamente e com uma taxa de esforço inflacionada para as jornadas que faltam disputar.

A aposta no ataque estava vincada no esquema de 4x4x2. Petrov regressou à titularidade para fazer dupla com Essende e ambos tiveram o apoio de Matías Lacava e Lokilo. E a verdade é que a primeira soberana oportunidade no jogo pertenceu ao FC Vizela. Petrov, muito bem assistido por Essende, não conseguiu desfeitear Luiz Júnior na cara deste, para desespero dos adeptos, ainda nem estavam cumpridos os primeiros cinco minutos de jogo. Só que, aos 8’, Chiquinho abriu o ativo no seguimento de uma má abordagem defensiva de Rodrigo Escoval, que teve uma tarde para esquecer. Um golo que parecia atrair os “fantasmas” de jornadas anteriores. O FC Vizela acusou o lance e viu Puma Rodríguez ameaçar com o segundo (38’). Aconteceria momentos depois, num timing crucial, praticamente à saída para o intervalo. Livre de Chiquinho sobre o lado direito e Riccieli, de cabeça, a fazer o 2-0, um resultado que deixava os vizelenses cada vez mais longe do objetivo proposto para esta partida.

Rubén de la Barrera operou então uma mudança no eixo defensivo, lançando Anderson para o lugar de Rodrigo Escoval, e viu a equipa ter mais bola e gradualmente a reconquistar a confiança perdida, apesar de um susto de Jhonder Cádiz, que ficou perto do terceiro para os da casa. O início da recuperação chegou aos 55’, por intermédio de Lokilo, que aplicou um bom remate com o pé esquerdo para o fundo das redes, após penetrar na área. O FC Famalicão, sentindo-se ameaçado com a reação dos vizelenses, voltou a criar perigo, sempre com Chiquinho a dar muito trabalho, e com Buntic a brilhar a remate de Zaydou Youssouf. A entrada de Diogo Nascimento teve o condão de trazer uma estabilidade diferente ao futebol praticado pelo FC Vizela e os frutos disso mesmo foram colhidos aos 81’, já depois de Lokilo ter ameaçado novamente. Tudo começa numa recuperação de Samu, com Essende a tentar bater Luiz Júnior e Petrov, na recarga, a igualar a contenda. O ponto, que parecia irremediavelmente perdido, passou a ser real e só não seguiu na bagagem dos vizelenses porque, no último dos cinco minutos de compensação dados pelo árbitro Bruno Vieira, Jhonder Cádiz encontrou o “buraco da agulha” para bater Buntic, na sequência de mais um livre lateral. Qual drama de cinema, esta derrota, imerecida pela prestação na segunda parte, prolonga o mau momento do FC Vizela, porém, enquanto há vida, há esperança e essa só acaba quando matematicamente não foi alcançável o objetivo. Por isso mesmo, só a vitória interessa na receção ao GD Chaves, agendada para o próximo dia 15 de Abril (segunda-feira), às 20h15. Haja fé na permanência!

FICHA TÉCNICA

FC Famalicão 3-2 FC Vizela

Local: Estádio Municipal de Famalicão (3.713 espectadores)

Árbitro: Bruno Vieira (AF Lisboa)

Assistentes: Rui Cidade / Hugo Coimbra

4º Árbitro: Miguel Fonseca (AF Porto)

Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Vasco Santos (AF Porto) / Tiago Costa

FC Famalicão (4x2x3x1): Luiz Júnior; Nathan (Martín Aguirregabiria, 75’), Riccieli (C), Enea Mihaj e Francisco Moura; Zaydou Youssouf e Mirko Topic (Théo Fonseca, 87’); Puma Rodríguez (Sorriso, 63’), Gustavo Sá (Filipe Soares, 75’) e Chiquinho; Jhonder Cádiz.

Suplentes não utilizados: Iván Zlobin, Lacoux, Aranda, Gustavo Assunção e Alex Dobre.

Treinador: Armando Evangelista

FC Vizela (4x4x2): Buntic; Tomás Silva, Jota, Rodrigo Escoval (Anderson, 45’) e Lebedenko; Lokilo (Domingos Quina, 83’), Busnic (Diogo Nascimento, 69’), Samu (C) e Matías Lacava; Petrov e Essende (Alberto Soro, 90’+2’).

Suplentes não utilizados: Ruberto, Hugo Oliveira, Alex Méndez, Rashid e Pedro Ortiz.

Treinador: Rubén de la Barrera

Golos: 1-0 Chiquinho (8’), 2-0 Riccieli (43’), 2-1 Lokilo (55’), 2-2 Petrov (81’) e 3-2 Jhonder Cádiz (90’+5’).

Cartões Amarelos: Chiquinho (11’), Puma Rodríguez (20’), Busnic (48’), Zaydou Youssouf (83’), Riccieli (90’), Francisco Moura (90’+2’) e Jhonder Cádiz (90’+5’).

“O futebol é ingrato. Tivemos uma reação muito forte na segunda parte, fomos buscar o empate e o último lance estragou tudo. Temos de transportar esta atitude para os próximos jogos. Dependemos de nós.”

Tomás Silva (Jogador do FC Vizela)

“Fazemos muitíssimas coisas bem, mas outras que são determinantes e impedem que tudo o que fazemos se traduza em pontos. O jogo da equipa permite confiar na permanência.”

Rubén de la Barrera (Treinador do FC Vizela)