Alma vizelense vale regresso às vitórias

O FC Vizela foi a Barcelos quebrar o enguiço e venceu o Gil Vicente por uma bola a zero, corolário de um desempenho de enorme coragem e uma alma transbordante do relvado e da bancada onde a massa adepta contagiou a equipa com o seu forte apoio. Essende regressou à equipa e foi decisivo ao seu melhor estilo, enquanto Ruberto, distinguido como MVP em jogo de estreia no campeonato, ajudou a segurar a vitória.

As palavras de Rubén de la Barrera no final do encontro são uma evidência daquilo que todos já sentiam há várias jornadas. O triunfo, tão ansiado quanto merecido pela crença, pela entrega e pela grande alma impressa no jogo, relança o FC Vizela numa luta difícil, é verdade. Mas quem viu os indicadores deixados frente ao Vitória SC e mesmo diante do Benfica, na passada quinta-feira, dificilmente não deixaria de acreditar que um triunfo pudesse estar ali tão próximo. Aconteceu em Barcelos, num jogo absolutamente determinante, depois de uma jornada amarga pelos resultados da concorrência e depois das adversidades que o próprio desafio trouxe.

O primeiro tempo foi de exemplar personalidade por parte do FC Vizela. O regresso de Essende foi uma boa notícia e o goleador não quis deixar os seus créditos em mãos alheias. Os instantes iniciais foram movimentados. Samu fez o primeiro ensaio e Murilo chegou mesmo a introduzir a bola na baliza vizelense, mas o lance acabou bem ajuizado por fora-de-jogo de Félix Correia. Ao minuto 12, Essende teve o espaço que precisava à entrada da área para aliar com golos o seu regresso à equipa. Cenário de vantagem para o FC Vizela, que há muito não se verificava, e nota para o bom envolvimento coletivo anterior entre Tomás Silva e Diogo Nascimento no lance. O golo impulsionou os vizelenses que voltaram a visar a baliza gilista por Domingos Quina, antes da reação dos da casa por intermédio de Maxime Dominguez, naquela que seria a primeira intervenção com selo de qualidade de Ruberto. Perto do intervalo, Essende, no seguimento de um canto, cabeceou ligeiramente ao lado e Félix Correia ameaçou com um remate frontal, porém, a vantagem pela margem mínima manteve-se para a segunda metade, depois de uma etapa inicial em que o FC Vizela esteve por cima do adversário nos principais indicadores estatísticos (posse de bola, remates, cantos e faltas).

Aí, logo após o descanso, era previsível uma resposta do Gil Vicente, que a jogar diante dos seus adeptos e na ressaca de outros resultados negativos, queria contrariar a boa organização coletiva dos vizelenses. A boa organização e Ruberto, que chamado à ação, esteve imperial. O guarda-redes italiano, em jogo de estreia no campeonato, depois de ter estado em bom plano frente ao Benfica, travou o remate à queima de Tidjany Touré (52’), antes da primeira contrariedade da sua equipa. Ainda não estava completa a hora de jogo e já Essende era obrigado a sair mais cedo, por problemas físicos, ele que vinha precisamente de lesão. Abdul entrou, mas os vizelenses ficaram mais curtos no ataque. Lá atrás, Ruberto levava outra vez a melhor no duelo com Tidjany Touré, mas não foi só o guarda-redes do FC Vizela a brilhar, porque Lebedenko obrigou Andrew a fazer o mesmo, aos 61’. Matheus Pereira ainda foi à recarga, mas a bola saiu às malhas laterais. Contudo, seguiu-se a expulsão de Petrov, por acumulação de cartões, que constituiu nova dificuldade e mais um motivo para os colegas se abraçarem coletivamente em jogo. Houve iniciativas de parte a parte, com Pedro Tiba a atirar ligeiramente por cima e com Bruno Costa, após recuperação de bola, a fazer um remate rasante ao poste direito da baliza gilista.

A jogar com menos uma unidade e curto ofensivamente, o FC Vizela agarrou-se a uma alma que fez viajar a tempos áureos, empurrado por um apoio incrível vindo da bancada, para segurar os três pontos, tão preciosos quanto necessários a relançar a turma de Rubén de la Barrera na prova e numa luta pela manutenção que se prevê palpitante até ao fim. O campeonato segue com nova deslocação, desta feita à Luz (domingo, dia 18, às 18h00), onde os vizelenses vão reencontrar um Benfica que teve de sofrer para passar às meias-finais da Taça de Portugal, antes de retomar um ciclo com várias equipas que vivem a mesma luta pelos pontos e pela continuidade na I Liga.

FICHA TÉCNICA

Gil Vicente FC 0-1 FC Vizela

Local: Estádio Cidade de Barcelos (3.958 espectadores)

Árbitro: Ricardo Baixinho (AF Lisboa)

Assistentes: Paulo Soares / Diogo Pereira

4º Árbitro: Rui Lima (AF Viana do Castelo)

Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Manuel Mota (AF Braga) / Nélson Cunha

Gil Vicente FC (4x1x4x1): Andrew; Alex Pinto (Afonso Moreira, 76’), Gabriel Pereira, Rúben Fernandes (C) e Leonardo Buta (Kazu, 84’); Martim Neto; Maxim Dominguez (Tidjany Touré, 45’), Fujimoto, Mory Gbane (Pedro Tiba, 66’) e Murilo; Félix Correia (Alipour, 45’).

Suplentes não utilizados: Brian, Castillo, Felipe Silva e Thomas Lopes.

Treinador: Vítor Campelos

FC Vizela (4x2x3x1): Ruberto; Tomás Silva, Jota, Anderson e Matheus Pereira; Bruno Costa (Rashid, 90’+5’) e Samu (C); Petrov, Diogo Nascimento (Busnic, 80’) e Domingos Quina (Lebedenko, 58’); Essende (Abdul, 58’; Ba-Sy, 90’+5’).

Suplentes não utilizados: Buntic, Alex Méndez, Rodrigo Escoval e Alberto Soro.

Treinador: Rubén de la Barrera

Golo: 0-1 Essende (12’).

Cartões Amarelos: Diogo Nascimento (26’), Félix Correia (26’), Martim Neto (50’), Samu (55’), Petrov (56’ e 63’), Abdul (70’), Rúben Fernandes (71’).

Cartão Vermelho: Petrov (63’).

“Foi uma boa vitória, mas foi só um jogo. Necessitamos de outras mais. Jogo muito especial, manter a baliza a zeros, foi lindo”

Ruberto (Guarda-redes do FC Vizela e MVP do jogo)

“Vitória muito importante. Esta equipa já merecia. Trabalha todos os dias de forma fantástica e eu presencio isso. Mantendo esta entrega até ao fim, acredito que vamos alcançar o objetivo”

Samu (Jogador e capitão do FC Vizela)

“Vitória merecida já há muito tempo. Reconforta porque tivemos muita personalidade. A equipa ofereceu uma autêntica exibição de energia, coragem e alma”

Rubén de la Barrera (Treinador do FC Vizela)
Uma perspetiva do golo apontado por Essende, decisivo na vitória sobre o Gil Vicente.