A tradição mantém-se mais firme que nunca sempre que o FC Vizela se desloca ao sul do país para defrontar o Casa Pia. Em Rio Maior, a partida com os gansos acabou decidida na segunda parte com um golo de Alberto Soro, jogador que saltou do banco para dar uma importante e merecida vitória aos vizelenses no momento mais desejado.
Em duelo a contar para a 10.ª jornada da Liga Portugal Betclic, o FC Vizela saiu a sorrir e consumou o tão ansiado regresso aos triunfos no campeonato, conservando uma tradição de vitórias nos confrontos com este histórico emblema. A missão era complicada, ou não viesse o Casa Pia de bons resultados na Luz e em Braga, no entanto, a equipa teve forte espírito solidário e soube apresentar-se de forma interessante num jogo que valia mais que três pontos.
O primeiro tempo não trouxe golos nem abundância de oportunidades para o efeito, mas trouxe um FC Vizela ligeiramente melhor que o adversário, sobretudo na segurança do seu jogo, em contraponto, por exemplo, com outras primeiras partes menos conseguidas em rondas anteriores e tal terá sido sintomático de um desfecho diferente como aquele que veio a verificar-se.
Essende foi seta apontada à baliza de Ricardo Batista e uma ameaça que deixou em alerta a defensiva dos gansos. Porém, foi em momentos de bola parada que o FC Vizela criou maiores problemas ao adversário. Exemplo disso foi um livre estudado de Samu com Essende a rematar com perigo (19’) e ainda de canto com Rodrigo Escoval a mostrar efetividade nestes lances. Um desvio de cabeça seu já nos instantes finais do primeiro tempo traduziu-se praticamente na melhor situação de golo proporcionada durante este período. O Casa Pia, mais contido e a apostar num jogo mais vertical, dispôs apenas de um lance por Jajá, à passagem da meia hora, em que Bruno Wilson foi preponderante no desvio pela linha de fundo.
A etapa complementar continuou a mostrar um FC Vizela sereno, atrevido a atacar e competente a defender. Logo nos primeiros minutos (50’), Essende quase chegou a tempo do toque final a uma bola cruzada da esquerda, qual mote para um jogo mais fluido e com aumento do número de oportunidades para desfazer o nulo. Felippe Cardoso ameaçou a baliza de Buntic, é verdade, mas, na resposta, um defensor do Casa Pia foi providencial a negar o golo a Samu, num autêntico penálti em movimento (destaque para o bom envolvimento com Tomás Silva).
Logo a seguir, Anderson, na sequência de um canto, também esteve muito próximo da abertura do marcador com o seu cabeceamento a sair ligeiramente ao lado.
Nuno Moreira começava então a “abrir o livro”, primeiro com um remate intencional, depois com um cruzamento bem medido para Samu, tendo este endossado o esférico para Essende atirar ao lado com a baliza escancarada (64’). A posição irregular assinalada ao francês não deslustra a qualidade da jogada merecedora de golo.
Até que, aos 70’, Pedro Ortiz, Tomás Silva e Nuno Moreira desenharam o lance que viria a resultar no bom golo de Alberto Soro. Pleno de oportunidade, o espanhol que saltara minutos antes do banco, complementou da melhor maneira uma primeira tentativa de Nuno Moreira, motivando enorme festa dos muitos adeptos vizelenses que viajaram com a equipa.
Alberto Soro queria mais e, três minutos depois, espreitou nova possibilidade, numa bola superiormente enviada por Alex Méndez. A sentença no desafio podia ter sido dada aos 80’, mas a tarde não era de Essende. Excelente no desarme a Zolotic, Essende foi por lá fora, ficou sozinho na cara de Ricardo Batista e este levou a melhor na mancha.
Por esta altura, os adeptos apoiavam a equipa de forma ruidosa e esta ajustou-se à importância do resultado, organizando-se defensivamente, encurtando as linhas para não permitir o espaço desejado pelo Casa Pia. Só mesmo de bola parada, através de canto, é que a formação da casa deu algum trabalho a Buntic, especialmente aos 90’+4’, quando este teve de defender com o pé uma bola perigosa de Jajá, a unidade mais interventiva do adversário.
Saber sofrer também é uma virtude e nesse plano, associado aos outros momentos de jogo em que o FC Vizela foi competente, justificam o mérito de três importantíssimos pontos na altura mais desejada, transportando a equipa para “mar menos alteroso” na classificação.
A história desta maratona não para e prossegue já no próximo sábado, dia 11 de Novembro, com a receção ao FC Famalicão, às 18h00, partida sempre apelativa e recheada de emoções.
FICHA TÉCNICA
Casa Pia AC 0-1 FC Vizela
Local: Estádio Municipal de Rio Maior (1.586 espectadores)
Árbitro: David Silva (AF Porto)
Assistentes: João Bessa Silva / Nuno Eiras
4º Árbitro: Pedro Ramalho (AF Évora)
Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Fábio Veríssimo (AF Leiria) / Pedro Martins
Casa Pia AC (3x4x3): Ricardo Batista; Fernando Varela (C), Zolotic e João Nunes; Larrazabal, Pablo Roberto (Tiago Dias, 84’), Ângelo Neto (Beni, 58’) e Leonardo Lelo (Samuel Justo, 84’); Jajá, Felippe Cardoso (Clayton, 66’) e Yuki Soma (Fernando Andrade, 58’).
Suplentes não utilizados: Lucas Paes, Tchamba, André Geraldes e Serobyan.
Treinador: Filipe Martins
FC Vizela (4x2x3x1): Buntic; Tomás Silva, Bruno Wilson, Anderson e Rodrigo Escoval; Pedro Ortiz (Lebedenko, 88’) e Samu (C); Nuno Moreira (Dylan, 78’), Diogo Nascimento (Alberto Soro, 68’) e Matías Lacava (Alex Méndez, 68’); Essende (Busnic, 88’).
Suplentes não utilizados: Ruberto, Hugo Oliveira, Jardel e Rashid.
Treinador: Pablo Villar
Golo: Alberto Soro (71’).
Cartões Amarelos: Ângelo Neto (16’), Rodrigo Escoval (33’), Essende (51’), Matías Lacava (57’), Zolotic (67’) e Pablo Roberto (77’).
“Era a vitória que o grupo inteiro estava a precisar. Contente pelo prémio, que podia ter sido de toda a equipa. Toda a gente deu tudo o que tinha e assim ficamos mais perto de ganhar.”
Nuno Moreira (jogador do FC Vizela e MVP do jogo)
“As vitórias ajudam a trabalhar com mais confiança e ambição. Graças ao grande trabalho da equipa no jogo e ao fantástico apoio dos nossos adeptos, sobretudo quando estávamos a sofrer, conseguimos os três pontos.”
Pablo Villar (treinador do FC Vizela)