O treinador do FC Vizela destacou o jogo competente da sua equipa e apontou a mais conquistas. O apuramento justo foi ratificado também pelo técnico do Estrela da Amadora, numa invulgar mas desportivista conferência de imprensa conjunta.
Ricardo Chéu , treinador do E.Amadora, lançou o desafio, Álvaro Pacheco aceitou de imediato. Porque o futebol deve sempre dar o exemplo, eis uma conferência de imprensa bem diferente. A opinião sobre o resultado é, contudo, unânime. E hoje, porque o momento o justifica, transcrevemos também as declarações de Ricardo Chéu.
ÁLVARO PACHECO (treinador do FC Vizela)
Iniciativa conjunta: “É um sinal que estamos a dar a este desporto. Todos queremos ganhar, mas no final há sempre o respeito. É importante cada vez mais nós treinadores também valorizarmos mais este espetáculo. Estamos aqui os dois com muito respeito. Foi ideia do Chéu que eu aceitei de imediato, pelo fair-play, pelo homem e treinador que ele é.”
Análise global ao jogo: “Só foi possível termos esta qualidade porque encaramos o jogo de forma muito séria. Não quero puxar o saco, mas o Estrela conquistou 11 dos últimos 15 pontos possíveis, num campeonato muito equilibrado e competitivo. A capacidade que o Estrela tem tido em mandar no jogo, estar sempre mais perto de ganhar, é uma realidade. Têm isso no ADN. Disse isso aos jogadores, que não podíamos deixar o Estrela pegar no jogo porque se conseguissem iam criar-nos muitas dificuldades, com bola o Estrela faz mossa, sabe aproveitar espaço entre linhas e nas costas da linha defensiva, é forte nos corredores… Tínhamos de entrar de forma concentrada e exigente. Nesta eliminatória tínhamos de ser uma equipa à Vizela, com mentalidade vencedora, mandar desde início. Tivemos a felicidade de marcar cedo. Isso deu tranquilidade para gerir o jogo. Os últimos 15 minutos da primeira parte o Estrela conseguiu equilibrar e tivemos alguma dificuldade nos ajustes dos médios. A entrada do Marcos foi para isso. É experiente. O Alejandro conquistou o direito a ter este prémio, esta oportunidade, mereceu o prémio. Mas é um júnior, acreditamos que terá um futuro fantástico, mas ainda faltam algumas rotinas, o que é perfeitamente normal. Com o Marcos conseguimos controlar isso, fizemos o segundo, estivemos sempre perto do terceiro. Mas o Estrela procurou sempre, nunca se encolheu e isso valorizou o espetáculo.”
Sonho do Jamor: “Esta é a prova rainha e toda a gente gosta desta prova e tem o sonho do Jamor. Eu, os meus jogadores, os adeptos. Enquanto estivermos cá, vamos ter esse sonho. A equipa está a crescer, acredito que podemos acalentar esse sonho, mas agora é jogo a jogo. A equipa está a crescer, vamos desfrutar desta vitória, mas para a semana já há jogo para o campeonato.”
Evolução da equipa: “O Vizela tem vindo a crescer, com o Estoril também controlamos sempre, estivemos sempre por cima e foi só mesmo aquele lance do segundo golo anulado que impediu mais. Contra o Benfica também estivemos muito bem, hoje idem. É o crescimento. O Vizela tem vindo a tornar-se uma equipa mais sólida, compacta, madura. Como o Chéu disse, muitos dos jogadores estão qui pela primeira vez e quantos mais jogos passarem mais eles se soltam. A nossa equipa tem muito potencial e acho que vai crescer ainda muito mais.”
RICARDO CHÉU (treinador do E.Amadora)
Balanço do jogo: “Quero vincar o fair play dos adeptos do FC Vizela durante o jogo todo, da forma como nos receberam e aplaudiram no fim como justos vencidos. O Vizela hoje foi melhor, foi mais agressivo, teve mais qualidade. Demoramos a encontrar-nos, o Vizela entrou muito forte e chegou ao golo de forma merecida. Tivemos dificuldade em ter bola pela forma como o Vizela no pressionou. No final da primeira parte melhoramos, mas não criámos grandes calafrios. Na segunda parte mudamos, mas o jogo estava partido e o Vizela chegou ao segundo golo com justiça. O Vizela talvez tenha feito o jogo mais conseguido dos últimos tempos, a par daquele como o Benfica. Fez por merecer, foi claramente superior e devo dar os parabéns.”
Diferença de experiência: “Somos uma equipa muito jovem, muitos destes jogadores não estão habituados a este nível. Temos sido dominantes na nossa realidade, hoje tivemos que fazer o papel oposto. Não conseguimos acertar as marcações no meio-campo, devido à variabilidade do Vizela. Não somos equipa de nos adaptar e hoje morremos por querermos levar avante a nossa identidade. Não vale de nada, mas a forma como o Vizela nos respeitou e respeitou a nossa identidade, valoriza também o nosso jogo. Levamos daqui uma lição e ficaremos mais forte.”