A velha máxima perdura desde os tempos da luta pela concelhia, encontra-se emanada no interior das renovadas instalações desportivas do FC Vizela e não podia ser mais atual.
Foi necessário lutar (e de que maneira!) até ao último suspiro da partida em Penafiel para poder trazer os três pontos na bagagem, sublinhe-se, merecidamente.
Depois de duas igualdades consecutivas que aproximaram o rival Arouca da segunda posição, os pupilos de Álvaro Pacheco sabiam o que tinham de fazer para poderem regressar às vitórias diante de um opositor muito competitivo a jogar na sua casa. Ou seja, desfrutar da sua ideia de jogo.
Os momentos iniciais da contenda revelaram um FC Vizela mais forte, a querer tomar conta das rédeas do jogo e a acercar-se com maior frequência e perigo da baliza contrária.
A todo o gás, Diogo Ribeiro foi o primeiro a atirar à baliza, estavam cumpridos apenas 5’ de jogo, após bom passe do colega Cann. Pouco depois, aos 8’, foi Luís Ribeiro, com uma sapatada, a evitar o perigo de uma bola cruzada e bem chegada à baliza por Raphael Guzzo.
Aos 11’, acontecia a grande oportunidade do FC Vizela na primeira parte. Kiki, na insistência a um lance de bola parada cobrado pelo próprio, acertou em cheio no poste.
O Penafiel respondeu quase sempre em regime de transição rápida. Gustavo Henrique e Ronaldo Tavares ameaçaram as redes do FC Vizela, ainda antes de concluída a primeira meia hora.
Kiko Bondoso, num disparo de primeira, procurou surpreender Luís Ribeiro e corresponder da melhor forma a um delicioso passe longo de Raphael Guzzo.
O primeiro tempo teve momentos de muita insistência por parte do ataque vizelense e boa parte deste período foi disputado com uma intensidade elevadíssima.
O nulo ao intervalo não satisfazia, de forma alguma, as pretensões do emblema da Rainha, mas o primeiro impulso para um resultado diferente não demoraria muito a surgir.
Ao ataque, Kiko Bondoso avisou com um remate rasante ao poste direito da baliza penafidelense, porém, na resposta, Ivo Gonçalves esteve soberbo a evitar o golo a Ronaldo Tavares.
Aos 56’, apenas dois minutos depois da entrada de Cassiano e Tavinho em campo, o segundo acabaria por vincar o seu nome na história do encontro ao inaugurar o marcador. Destaque para o primeiro remate de Raphael Guzzo, que Luís Martins não segurou, permitindo a Tavinho o toque certeiro para a primeira explosão de alegria nas hostes vizelenses.
O resultado, ainda assim, era curto e perigoso, daí que Raphael Guzzo tenha tentado a sua sorte com um remate no interior da área, procurando elevar a contagem.
O jogo prosseguia intenso e emocionante, até que Robinho incrementou dificuldades maiores ao conjunto de Álvaro Pacheco com um cruzamento-remate que traiu Ivo Gonçalves, aos 68’.
Mais uma vez, à semelhança de ocasiões recentes, a igualdade restabelecida não beliscou a crença e o espírito de conquista ao FC Vizela, que voltou a carregar no ataque.
Entretanto, o Penafiel jogaria os vinte minutos finais em inferioridade numérica, por expulsão de Gustavo Henrique, e os vizelenses lutaram até à exaustão pela recuperação da vantagem.
Um remate de Samu, anulado pelo corpo de Paulo Henrique, um disparo de Koffi por cima, e um cabeceamento de Cassiano ao lado, aos 78’, 79’ e 84’, respetivamente, alimentaram essa crença.
Até que, aos 86’, numa belíssima jogada, o FC Vizela chegou ao golo decisivo e à vitória pela qual tanto lutou durante toda a partida. Raphael Guzzo levantou, Kiki cruzou de primeira, Tavinho endossou e Marcos Paulo, com um pontapé cheio de alma, colocou o esférico no fundo das malhas, motivando o delírio de toda a comitiva e, certamente, de toda uma cidade.
Os descontos não deixaram de ser emocionantes, bem pelo contrário. Se o Penafiel ainda deu trabalho a Ivo Gonçalves e companhia com um remate perigoso de Simão, no derradeiro minuto da compensação, Kiko Bondoso, numa situação de superioridade, ficou isolado e podia ter sentenciado o jogo, mas optou por oferecer o golo a Tavinho e Pedro Coronas foi rápido no corte.
Uma vitória muito festejada, conquistada com muita alma e mérito, que deixou o FC Vizela a um pequeno passo de concretizar um sonho de décadas.
No final da partida, Álvaro Pacheco reconheceu: «Queríamos muito a conquista dos três pontos, mas tínhamos de ser uma equipa serena e corajosa. Os meus jogadores demonstraram uma união muito grande e só uma equipa muito forte seria capaz de vencer este desafio. Fomos a equipa que mais oportunidades criou e a que mais dominou. Mesmo com o empate, estes jogadores nunca se desligaram do seu jogo. O espírito que une esta equipa é fabuloso», salientou.
A derradeira jornada do campeonato pode tornar real o sonho que guia a formação vizelense e o destino ditou que a decisão acontecesse diante de um velho rival, o Vilafranquense, na cidade termal, uma partida que deve acontecer no dia 22, ainda com horário por definir.
Ficha Técnica
FC Penafiel 1-2 FC Vizela
Local: Estádio Municipal 25 de Abril (Penafiel)
Árbitro: João Malheiro Pinto (AF Lisboa)
Assistentes: Ricardo Luz e André Almeida
4º Árbitro: Nélson Cunha (AF Braga)
FC Penafiel: Luís Ribeiro; Pedro Coronas (C), Capela e Paulo Henrique; Gustavo Henrique, Bruno César (Leandro Teixeira, 79’), João Amorim (Vinícius, 82’) e Simão; Robinho (David Caiado, 82’), Ronaldo Tavares e Wagner (Rui Pedro, 64’).
Suplentes não utilizados: Emanuel Novo, Vitinha, David Santos, Mateus e Rafa Sousa.
Treinador: Pedro Ribeiro
FC Vizela: Ivo Gonçalves; Koffi, Matheus, Aidara e Kiki (Richard Ofori, 89’); Ericson (C) (Marcos Paulo, 73’), Raphael Guzzo e Samu; Cann (Tavinho, 54’), Diogo Ribeiro (Cassiano, 54’) e Kiko Bondoso.
Suplentes não utilizados: Pedro Silva, André Soares, Cardozo, Marcelo e Mosevich.
Treinador: Álvaro Pacheco
Golos: Tavinho (56’), Robinho (68’) e Marcos Paulo (86’).
Cartões Amarelos: Robinho (31’), Matheus (36’), Gustavo Henrique (36’ e 70’), Samu (41’), Bruno César (45’+2’), Marcelo Gonçalves, adjunto do FC Vizela (56’), Celso Simão, adjunto do FC Penafiel (56’), Tavinho (72’), Luís Ribeiro (84’) e Richard Ofori (90’+5’).
Cartão Vermelho: Gustavo Henrique (70’).