Numa tarde com algum sol e perante a maior enchente da temporada como anfitrião, o FC Vizela viu quebrada uma impressionante série sem qualquer derrota, que já levava… 30 jogos oficiais!
O pior é que o destino guardou esse momento para um dos maiores rivais das últimas épocas, o Fafe, que aproveitou um momento infeliz da defensiva azul e branca para ficar com os pontos.
A partida começou com uma esperada toada de equilíbrio. Contudo, logo aos 8’, o Fafe dispôs da primeira grande situação de golo no jogo. Ferrinho, à entrada da área, quis visar o ângulo, mas Pedro Albergaria voou para uma defesa brilhante.
Respondeu o FC Vizela, pouco depois, ao mesmo tempo que, fora das quatro linhas, o ambiente ficou tenso junto à zona que dividia os muitos espectadores de ambas as formações.
Foi aos 13’, quando o criativo Zé Valente, protagonista de um remate à meia volta, viu o esférico sair ligeiramente por cima do travessão.
Aos 20’, Zé Valente esteve envolvido em nova incursão ofensiva dos vizelenses, ao fazer o passe para Gabi cruzar para a entrada de Felipe Augusto, porém a bola saiu pela linha de fundo.
O Fafe só voltou a espreitar uma janela de oportunidade através de bola parada. Aos 24’, Landinho levantou o esférico para a área e Adílson desviou de cabeça um pouco ao lado.
Quando nada o fazia prever, pelo menos naquelas circunstâncias, de uma falta ofensiva do Fafe resultou o golo solitário do encontro. A troca de passes curtos entre Pedro Albergaria e João Cunha não correu bem, Vilmar resgatou a bola e serviu-a para Ferrinho marcar um golo fácil.
Este momento perturbou a estabilidade psicológica do FC Vizela, que, à passagem da meia hora, apanhou um susto num lance em que Vilmar intercetou um passe de Evrard para ficar na cara de Pedro Albergaria. O guardião vizelense travou as intenções do atacante brasileiro.
Nos instantes finais do primeiro tempo, o FC Vizela esteve próximo de empatar a contenda, em pelo menos três momentos consecutivos.
Aos 40’, à segunda tentativa, Weliton ficou a centímetros do golo, no seguimento de um livre batido por Diogo Lamelas; aos 41’, foi André Pinto quem rematou com perigo, após arremesso manual na esquerda; por fim, aos 42’, Felipe Augusto procurou servir Correia, mas este não chegou a tempo de finalizar o lance.
Para o recomeço, Carlos Cunha apostou em João Paredes, na tentativa de criar ruturas no setor defensivo do adversário, na companhia de Felipe Augusto, outro jogador com essa capacidade.
E logo a abrir, lance polémico na área fafense. Numa fuga em velocidade do extremo brasileiro, ficou a ideia de que Bhéu Januário terá derrubado Felipe Augusto dentro da área, mas o árbitro escalabitano João Bento interpretou simulação e admoestou-o com a cartolina amarela.
Aos 52’, na sequência de um canto, Weliton, de cabeça, atirou ao lado, mas deu novo sinal daquela que foi uma entrada revigorante do FC Vizela em jogo, depois do intervalo.
Contudo, aos 57’, a expulsão direta (e inesperada) de João Cunha fez emergir novamente o “fantasma” da instabilidade emocional. O lance mereceu fortes protestos, não pela falta em si sobre Ferrinho, mas antes pela cor do cartão, um tanto ou quanto exagerado.
Entretanto, já com Cann em campo, as duas equipas ficaram em igualdade numérica, isto porque Ferrinho também viu a cartolina vermelha (neste caso, por acumulação de amarelos), no momento em que se preparava para ser rendido por um colega, aos 62’.
Apesar destas incidências, o FC Vizela não deixou de procurar o golo, que poderia ter acontecido aos 66’. Correia teve uma excelente possibilidade de o fazer, a passe de Felipe Augusto.
O empate tardava em surgir e a pressão do relógio colocou a equipa azul e branca a jogar mais com o coração do que com a razão no último quarto de hora. Por via disso, aos 74’, Nené isolou Vilmar, mas Pedro Albergaria evitou o pior.
Sem conseguir desfeitear a coesa defensiva do Fafe através de jogo corrido, foi então de bola parada que, aos 80’, Weliton procurou bater Rui Nibra de forma acrobática. A bola não saiu nada longe do poste esquerdo da baliza forasteira.
Mais tarde, aos 89’, solicitado por Cann, João Paredes acreditou até ao fim e antecipou-se a Rui Nibra e Zé Pedro para rematar ligeiramente ao lado.
Praticamente no final dos cinco minutos de compensação concedidos pelo juiz da partida, uma perda de bola de Gabi, num momento em que todos os seus colegas estavam balanceados para o ataque, resultou num calafrio para as hostes vizelenses. Nei seguiu isolado e tentou fazer o chapéu, mas as medidas saíram erradas, felizmente.
Apesar deste dissabor, o primeiro ao cabo de 25 jornadas para o Campeonato de Portugal, o FC Vizela continua claramente a depender de si próprio para atingir a fase seguinte no 1.º lugar.
A diferença pontual foi emagrecida pelo Vilaverdense (4 pontos), mas a distância de 8 pontos sobre o Fafe, torna o seu alcance teoricamente impossível, já que estão por disputar apenas 5 jornadas para completar esta fase regular.
A luta rumo ao objetivo prosseguirá no próximo domingo, dia 25 de Março, em S. Torcato, um jogo que se afigura complicado, até porque o adversário ainda não tem a permanência garantida.
FICHA DE JOGO
Local: Estádio do FC Vizela (Vizela)
Árbitro: João Bento (AF Santarém)
Assistentes: Samuel Dionísio e Diogo Pereira
FC VIZELA: Pedro Albergaria (C); Gabi, João Cunha, Weliton e Nera; Evrard, André Pinto e Zé Valente (Cann, 61’); Diogo Lamelas (João Paredes, 45’), Correia (Aziz, 68’) e Felipe Augusto.
Suplentes não utilizados: Rafa, João Oliveira, Joni e Panin.
Treinador: Carlos Cunha
AD FAFE: Rui Nibra; Bhéu Januário, Zé Pedro, Adílson (C) e Ofori; Geraldo, Landinho (Micael Freire, 79’), Joãozinho (Nei, 67’) e Nené; Vilmar (Pedro Eira, 87’) e Ferrinho.
Suplentes não utilizados: Rui Faria, Teixeira, Felipe Martins e Chico.
Treinador: Ivo Castro
Golo: Ferrinho (26’).
Cartões Amarelos: Evrard (23’), Ferrinho (25’ e 62’), Bhéu Januário (45’+1’), Felipe Augusto (47’), Nené (75’) e Weliton (84’).
Cartões Vermelhos: João Cunha (57’) e Ferrinho (62’).