FC Vizela acreditou e começou bem, mas o empate do AVS ainda na primeira parte devolveu tudo à desvantagem inicial e as coisas complicaram-se. No final, o empate (2-2) não deslustra, mas sabe a pouco para aquilo que a equipa produziu, um pouco como a derrota global neste playoff.
O FC Vizela vai continuar na II Liga e adia o sonho de voltar à I Liga pelo menos por mais uma época. A tarefa de recuperar de uma derrota por 3-0 que trouxe da primeira mão da Vila das Aves era quase impossível, mas a equipa mostrou acreditar que poderia conseguir uma reviravolta épica e lutou até ao fim para o conseguir. Talvez por isso, mesmo com o 2-2 final, saiu aplaudida e embalada por quase 4 mil adeptos que não se cansaram de empurrar a equipa.
A verdade é que o apoio começou muito cedo, ainda antes da chegada do grupo ao estádio. Talvez embalada por esse fervor e pela crença generalizada, a equipa entrou de olhos postos no ataque e a colocar muita gente no último terço do AFS. Naturalmente o FC Vizela abriu espaços que os avenses souberam capitalizar para contra-atacar com perigo. Morro foi decisivo no início, logo aos 7′, após evitar o 0-1 frente a John Mercado e, já depois do 1-0, contra Tunde. Pelo meio a insistência vizelense foi premiada. Yannick colocou na área, Morschel foi derrubado na área mas a bola sobrou para Thio, que cruzou e viu Fernando Fonseca desviar para autogolo. Aos 14′ a história começava a sorrir para o FC Vizela, que não descansou e manteve um ritmo forte que lhe permitiu continuar a acercar-se da baliza de Simão Berttelli. Thio, em excelente posição, quase fez o 2-0, mas o guardião avense fez uma defesa monstruosa e evitou o 2-0. Esse terá sido um dos momentos do jogo, pois o FC Vizela poderia ter entrado definitivamente na corrida pela subida de divisão, mas poucos minutos depois viu o AFS empatar de forma fortuita. Cruzamento largo, Thio (um dos melhores em campo) falha a interceção e Tunde, isolado, fez o golo que empatava o jogo e dificultava uma tarefa que a sorte também não ajudava. De tal forma que, mesmo sobre o intervalo, Vivaldo isola-se e não consegue fazer o 2-1. No pontapé de canto que se seguiu, nova oportunidade flagrante, mas dessa feita é Morschel a cabecear ao lado.
Ao intervalo, o 1-1 não era um resultado justo. E, talvez com mais um golo por parte do FC Vizela, o jogo pudesse ter sido outro. Com 45 minutos para jogar e três golos para marcar, a equipa entrou no segundo tempo de forma ainda mais ofensiva. E com o tempo a passar e a bola a não entrar, Fábio Pereira assumiu riscos maiores, tirou Anthony (61′) e ficou a jogar apenas com dois defesas de raiz. O treinador tentava tudo pelo milagre, mesmo com a consciência que a equipa ficaria mais exposta. Sem nada a perder, a hora era de tentar tudo por tudo, mas infelizmente para o FC Vizela e para a audácia do técnico, o AVS marcou logo de seguida (64′) colocando um ponto final da eliminatória.
Porém, a brava equipa vizelense nunca se rendeu e lutou até ao fim, para orgulho dos seus adeptos e para tentar, pelo menos, vencer o jogo. Vivaldo voltou a desperdiçar isolado, Petrov decidiu mal noutra ocasião, Bastunov rematou de forma acrobática a rasar o poste, Morschel tentou de todos os lados e a bola passou o resto da partida a rondar a área de Berttelli, mas só entrou uma vez, de penálti, por Morschel, que fez o 12º golo da época e confirmou ser o melhor marcador de uma equipa que merecia ser feliz e não o conseguiu.
Com 21 jogos sem derrotas em 22 desde dezembro, o FC Vizela ficou, assim, fora da I Liga. Mas o orgulho de jogadores e adeptos, bem como esta reconexão e um ambiente de fazer inveja a muitos ficarão para sempre na história do campeonato da II Liga 2024/25.
FICHA TÉCNICA
FC Vizela 2-2 AFS
Local: Estádio do FC Vizela (4076 espectadores)
Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)
Assistentes: Paulo Brás e Hugo Ribeiro
Quarto árbitro: Hélder Malheiro
VAR/AVAR: Manuel Oliveira / Hugo Santos
FC Vizela: Miguel Morro; Jójó (Rodrigo Ramos, 68’), Anthony Correia (Petrov, 61’), Rhyner, Thio; Yannick Semedo, Diogo Nascimento, Morschel; Loppy, Vivaldo e Schutte (Bastunov, 46’)
Suplentes não utilizados: Kacper, Jota, João Reis, Busnic, Pedro Ramos e Milovanovic
Treinador: Fábio Pereira
AFS: Simão Bertelli; Fernando Fonseca, Devenish, Jorge Teixeira, Rafael Rodrigues; Jaume Grau, Gustavo Assunção (Aderlan Santos, 90+3’), Lucas Piazon (Aburjania, 80’); Tunde, Nenê (Rodrigo Ribeiro, 59’), John Mercado (Tomás Tavares, 90+3’)
Suplentes não utilizados: Pedro Trigueira, Kiki Afonso, Gustavo Mendonça, Tiago Galletto
Treinador: José Mota
Golos: 1-0 Autogolo Fernando Fonseca (14’), 1-1 Tunde (38’), 1-2 Gustavo Assunção (64’), 2-2 Morschel (77’)
Cartões Amarelos: Vivaldo Semedo (60’), Diogo Nascimento (90+2’); John Mercado (20’), Nenê (45+3’), Simão Bertelli (81’)
“Muito orgulhoso desta equipa e deste percurso, mas muito triste por este desfecho. Acho que merecíamos mais. Muito grato por este apoio e mesmo muito desiludido por não termos conseguido oferecer a subida a estes adeptos”
Anthony Correia (jogador do FC Vizela)
“O futebol é pródigo em resultados que, por vezes, não são os mais justos. Quem está neste fenómeno tem de aceitar os erros. Infelizmente, nos dois jogos, os erros custaram-nos caro. Hoje mantenho o que disse há algum tempo: a equipa que melhor jogou na II Liga não subiu de divisão. Estou muito orgulhoso deste grupo.”
Fábio Pereira (treinador do FC Vizela)
