Saiu derrotada a equipa que mais fez por sair vencedora do jogo. A estatística é esmagadora para o FC Vizela e a nomeação justificada de Arruabarrena para MVP do jogo contribuem para aquela que foi a história de uma partida cujo desfecho é altamente enganador. O FC Arouca converteu um penálti madrugador, o FC Vizela não, e o final ainda foi mais aziago, já que trouxe um golo anulado pelo VAR aos azuis por… 4 centímetros.
A formação vizelense chegou ao intervalo a perder, mas o resultado não espelha, de forma alguma, o jogo que se viu dentro das quatro linhas. Foi um FC Vizela empreendedor, com mais bola, com boa dinâmica ofensiva, contudo, encontrou pela frente um FC Arouca organizado defensivamente, somente a explorar o erro e a contar com uma fortaleza chamada Arruabarrena, que até uma grande penalidade de Samu defendeu.
Apoiado por muitos vizelenses que se fizeram ouvir na bancada, o conjunto de Tulipa entrou bem na partida, porém, na primeira e rara investida arouquense, ficou em desvantagem. Anderson acabou por derrubar Antony na área, após combinação com Rafa Mújica, e o FC Arouca beneficiou de um penálti superiormente convertido por Morlaye Sylla. Estavam cumpridos apenas 12’.
Apesar do golo precoce, o FC Vizela cresceu e foi maior no jogo. Raphael Guzzo, descaído sobre o lado esquerdo e ainda a uma boa distância da baliza, atirou forte e Arruabarrena revelou atenção, desviando o esférico por cima do travessão (21’). Pouco depois, de livre, Raphael Guzzo procurou surpreender o guardião uruguaio.
De resto, aos 32’, Raphael Guzzo voltou a mirar a baliza contrária, sem esquecer o excelente passe de Samu a desmarcar o colega. Arruabarrena levou novamente a melhor. Pelo meio, Tiago Esgaio atirou com perigo ao lado, naquela que foi a segunda intenção do FC Arouca no jogo.
Arruabarrena voltou a salvar as suas redes na defesa a remate tenso de Kiki (40’), pouco antes de ver o colega David Simão cometer grande penalidade sobre Raphael Guzzo. O árbitro não terá visto um recuo nada inocente do jogador arouquense, após tentativa de corte, mas o VAR viu e Samu, chamado à conversão, bem tentou estabelecer o empate, mas a noite era decididamente de Arruabarrena (ele que já havia sido uma das grandes figuras do jogo da primeira volta).
Se, ao intervalo, a desvantagem do FC Vizela já era injusta, então a etapa complementar só veio agravar esse sentimento. Devido a problemas físicos, Osmajic ficou nos balneários e Etim foi lançado por Tulipa. Os vizelenses partiram desde o primeiro minuto em busca do golo, mas o FC Arouca, sempre à espreita de um desequilíbrio, aproveitou isso mesmo para criar algum perigo através de Rafa Mújica, que cabeceou ao lado, aos 61’.
Aos 65’, Etim teve soberana oportunidade e não quis fazer por menos: Kiki cruzou, Igor Julião amorteceu e o nigeriano, de bicicleta, desta vez não acertou no alvo, como fizera na Allianz Cup, diante do Desportivo de Chaves.
O assalto do FC Vizela à área arouquense acentuou-se ainda mais com as alterações promovidas por Tulipa. Quaresma foi providencial ao evitar que Igor Julião pudesse encostar uma bola de Kiko Bondoso e Arruabarrena, quem mais, protagonizou impressionante defesa a negar o golo cantado a Zohi. Só dava FC Vizela e a equipa da casa mostrava o porquê de ser tão difícil de bater, depois de se apanhar na frente do marcador.
A posse de bola chegou a andar nos 76% neste segundo tempo (acabou em 67%), foi o dobro dos remates (12 contra 6) e em cantos foi de goleada (14 contra zero). Uma estatística clara, mas a verdade é que, no futebol, manda mais a eficácia.
Tiago Esgaio, na segunda vez que o FC Arouca se aproximou da baliza de Buntic nesta segunda parte, cabeceou muito perto do poste, antes de Etim também criar muito perigo de cabeça.
Até que, aos 90’+5’, Bruno Wilson, na insistência, acertou nas redes, mas o lance acabaria sem produzir efeitos práticos, na medida em que o VAR detetou um adiantamento de 4 centímetros a Etim no decurso da jogada. Desilusão nas hostes vizelenses, em particular nos muitos adeptos que fizeram os quase 100 quilómetros até Arouca e uma sensação de déjà-vu relativamente ao jogo da primeira volta.
Hora de focar no regresso a casa para defrontar o FC Paços de Ferreira. A partida da jornada 30 está marcada para as 18h00 de sábado, dia 29 de Abril.
FICHA TÉCNICA
FC Arouca 1-0 FC Vizela
Local: Estádio Municipal de Arouca (1.742 espectadores)
Árbitro: Bruno Costa (AF Viana do Castelo)
Assistentes: Tiago Leandro / André Dias
4º Árbitro: João Pinho (AF Aveiro)
Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Bruno Esteves (AF Setúbal) / Hugo Coimbra
FC Arouca (4x3x3): Arruabarrena; Tiago Esgaio, João Basso (C) (Jerome Opoku, 58’), Galovic e Quaresma; Uri Busquets, David Simão (Yusuf Lawal, 85’) e Alan Ruiz; Antony (Ismaila Soro, 85’), Rafa Mújica (Benji Michel, 74’) e Morlaye Sylla.
Suplentes não utilizados: Thiago Rodrigues, Arsénio, Bruno Marques, Yaw Moses e Bogdan Milovanov.
Treinador: Armando Evangelista
FC Vizela (4x2x3x1): Buntic; Igor Julião, Bruno Wilson, Anderson e Kiki (C) (Matheus Pereira, 80’); Claudemir (Zohi, 67’) e Raphael Guzzo; Kiko Bondoso, Samu (Rashid, 67’) e Alex Méndez (Matías Lacava, 80’); Osmajic (Etim, 45’).
Suplentes não utilizados: Luiz Felipe, Ivanildo Fernandes, Pedro Ortiz e Tomás Silva.
Treinador: Tulipa
Golo: Morlaye Sylla (12’, g. p.).
Cartão Amarelo: Anderson (10’).
“Resultado muito ingrato. Merecíamos mais, produzimos mais e jogámos até melhor que nos últimos jogos. Temos de olhar com otimismo para o resto do campeonato.”
Raphael Guzzo (jogador do FC Vizela)
“Ambas as equipas tiveram um penálti, uma marcou, outra não. Mandámos no jogo, a estatística é clara, mas não levamos pontos.”
Tulipa (treinador do FC Vizela)