Não há impossíveis

A primeira mão do play-off da Liga Portugal foi amarga, muito amarga para um FC Vizela que sofreu um apagão de dez minutos em noventa de superioridade. Três golos do AFS nesse curto período tornam a missão difícil, mas não há impossíveis no futebol e o lema do concelho servirá de mote para uma eliminatória que ainda está no intervalo.

Um resultado desnivelado, muito difícil de imaginar antes do desafio por banda dos vizelenses e, seguramente, junto de qualquer adepto do AFS. Um resultado que se explica pelo que se passou entre os 60 e os 70 minutos, mas que não encontra qualquer paralelismo com o jogo que se viu no resto do tempo. E o resto do tempo foram praticamente noventa minutos, se incluirmos o tempo adicional.

O FC Vizela apresentou-se sem mais um dos seus titulares, Rhyner, que se juntou a Lebedenko e a Ruly num lote de baixas importantes nesta fase da temporada. Perante uma curva recheada com centenas de adeptos vizelenses, que deram um colorido muito especial à partida, a formação de Fábio Pereira entrou na eliminatória à sua imagem: muita bola, a investir no ataque e a tomar conta do jogo ao longo de toda a primeira parte. O AFS, a jogar em casa, assumiu uma postura submissa, sempre à espreita do erro e de um lance de bola parada, onde se torna numa equipa perigosa. Depois de Yannick Semedo e Anthony Correia testarem o seu remate, aos 12 minutos surgiu a primeira grande oportunidade dos azuis no desafio. Bom trabalho de Damien Loppy na direita, tiro de Yannick Semedo com a bola a sair muito perto do poste direito da baliza de Simão Bertelli. Os vizelenses continuavam mais instalados no meio-campo defensivo do AFS, mas foram os da casa que dispuseram da sua primeira oportunidade por Lucas Piazón, à passagem da meia hora. Mais tarde, aos 38 minutos, num canto, Zé Luís, de cabeça, fez a bola sair muito perto da barra. Os vizelenses acabaram o primeiro tempo a criar perigo, nomeadamente numa transição rápida em que Thio trabalhou bem o esférico e Vivaldo Semedo podia ter feito melhor com a baliza à mercê.

A abrir a segunda parte, o FC Vizela regressou dos balneários com o mesmo espírito e os instantes iniciais mostraram uma equipa a querer construir ofensivamente. João Reis atirou por cima na insistência, após bom lance a envolver Damien Loppy e Rodrigo Ramos na direita. Contudo, aos 62 minutos, um passe errado acabaria por resultar numa grande penalidade. É certo que João Reis toca primeiro na bola, mas não evita o contacto posterior com Zé Luís na área. Gustavo Assunção transformou o castigo máximo em golo e o FC Vizela sofreu um abalo sísmico na sua exibição em pouquíssimos minutos. Fábio Pereira mexeu na equipa, lançou Busnic, Prosper Obah e Jojó, mas a reação esperada não surgiu e o AFS, por intermédio de Tunde Akinsola, elevou a contagem até 3-0, primeiro na sequência de um arremesso manual, depois numa má abordagem defensiva dos azuis que possibilitou ao nigeriano bater o desamparado Miguel Morro por duas ocasiões em três minutos. Os muitos vizelenses, embora incrédulos, não deixaram de incentivar a equipa que enfrentou a dura tarefa de se reequilibrar emocionalmente, terminando o jogo muito por cima do AFS, mas sem a fortuna que também é necessária nestas decisões. Entre várias aproximações à baliza dos alvirrubros, Diogo Nascimento atirou forte para grande defesa, Vivaldo Semedo, a passe de Damien Loppy, tocou de forma subtil e viu a bola beijar a barra, Jojó e Busnic não conseguiram o desvio a um metro da linha de golo, e Morschel, na execução de um livre direto, acertou na trave. Oportunidades que podiam ter cambiado o desfecho desta partida e a abordagem ao segundo jogo. Não aconteceu, da mesma forma que o FC Vizela tem ainda mais 90 minutos para mudar o rumo deste play-off. Serão 90 minutos no seu estádio, rodeado do apoio vibrante dos vizelenses e só para quem não desiste, até porque não há impossíveis no futebol. E o lema do concelho é claro: Vizela é assim e luta até fim! Pois bem, vamos a isso no próximo dia 1 de junho, às 19h45.

FICHA TÉCNICA

AFS 3-0 FC Vizela

Local: Estádio do Clube Desportivo das Aves (cerca de 2.000 espectadores)

Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)

Assistentes: Inácio Pereira (AF Braga) / Fábio Silva (AF Porto)

4º Árbitro: José Bessa (AF Porto)

Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: Rui Costa (AF Porto) / Carlos Campos (AF Porto)

AFS (4x2x3x1): Simão Bertelli; Fernando Fonseca, Jorge Teixeira (C), Cristian Devenish e Rafael Rodrigues (Eric Veiga, 83’); Gustavo Assunção (Aderllan Santos, 90’+1’) e Jaume Grau; Tunde Akinsola (Rodrigo Ribeiro, 83’), Lucas Piazón e John Mercado (Vasco Lopes, 76’); Zé Luís (Nenê, 76’).

Suplentes não utilizados: Guillermo Ochoa, Tiago Galletto, Gustavo Mendonça e Tomás Tavares.

Treinador: José Mota

FC Vizela (4x3x3): Miguel Morro; Rodrigo Ramos, Anthony Correia, Jota (C) e João Reis (Jojó, 66’); Diogo Nascimento, Yannick Semedo (Busnic, 66’) e Morschel; Damien Loppy (Ricardo Schutte, 87’), Vivaldo Semedo e Thio (Prosper Obah, 66’).

Suplentes não utilizados: Kacper Bieszczad, Bastunov, José Sampaio e Pedro Ramos.

Treinador: Fábio Pereira

Golos: 1-0 Gustavo Assunção (62’, g. p.), 2-0 Tunde Akinsola (67’) e 3-0 Tunde Akinsola (70’).

Cartões Amarelos: João Reis (45’+1’), Nenê (82’), Vivaldo Semedo (85’), Simão Bertelli (86’), Jojó (90’) e Anthony Correia (90’+2’).

Cartões Vermelhos: José Mota, treinador do AFS (23’), Jorginho, adjunto do AFS (27’).

“Desconectámos em 10 minutos. As pessoas não conhecem Vizela, nem o FC Vizela. É um clube grande e com muita exigência e nós vamos dar tudo na segunda mão para tentar dar a volta a isto. O clube e estes adeptos merecem.”

Jota (Jogador do FC Vizela)

“Desengane-se quem pensa que vamos dar falta de comparência no segundo jogo. Um golo coloca-nos na luta e vamos à procura disso com tudo. Aqui ninguém desiste. Temos muita crença.”

Fábio Pereira (Treinador do FC Vizela)

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