Fábio Pereira recusa histórico de playoff como fator de atribuição de favoritismo à equipa da II Liga e responde com factos. O treinador confia sim é no trabalho e naquilo que o FC Vizela tem feito há 20 jogos.
Sereno e confiante, Fábio Pereira apresentou-se diante dos jornalistas para lançar a primeira mão do playoff de subida com o AVS (sábado, 19h45) e começou por recusar qualquer favoritismo que lhe queiram atribuir em função dos playoff de outras épocas. O treinador rebateu com factos e partiu as hipóteses das equipas em 50/50, numa eliminatória de 180 minutos “que não se resolve já amanhã”. Na antevisão, o técnico voltou a sublinhar os méritos de um FC Vizela em ascensão e frisou que é do trabalho dos últimos cinco meses que extrai a confiança de que a equipa voltará a jogar bem e a ter um bom resultado. O talento dos jogadores do AVS é inegável, mas no FC Vizela também há quem possa fazer a diferença, embora tenha sido o coletivo a resolver os problemas de outros jogos. Para o treinador, os vizelenses mereciam já ter subido de divisão. Não sendo assim, é com toda a força que a equipa vai enfrentar as duas últimas batalhas, com a vantagem do fervor dos adeptos do seu lado.
PLAYOFFS ANTERIORES E EXPECTATIVAS PARA O JOGO: “Cada época tem uma história, cada playoff tem uma história diferente. É verdade que, nos últimos anos, por coincidência ou não, as equipas de II Liga têm levado vantagem, mas se olharmos para eliminatórias de Taça de Portugal ou Taça da Liga, o favoritismo é atribuído a quem está na Liga acima. E, mais abaixo, no playoff entre II liga e Liga 3, tem levado quase sempre vantagem a II Liga, neste caso o escalão mais acima. Ou seja, na minha opinião esse histórico vale zero. O que vale muito é a forma como nos encontrámos neste momento, a alegria e orgulho que temos no balneário pelo trajeto que temos vindo a fazer. Desse ponto de vista já fomos campeões,. O trajeto, a valorização individual e coletiva, são já um troféu como é o facto de o Diogo ir ao Europeu, outros jogadores já terem melhorado a sua vida e quase a gente diz que, a haver justiça, devíamos ter subido em primeiro. Esteve a um passo de acontecer, mas se calhar o destino quis que a melhor equipa ficasse para o final. E nós cá estamos, confiantes, muito contentes pelo que fizemos, muito contentes por termos mais duas semanas de trabalho com os jogadores e com uma expectativa muito grande, sabendo que uma eliminatória destas é sempre de 50/50. Vamos com confiança e vamos fazer tudo para a ultrapassar com boas exibições e resultados. Como disse, o que se passou nas últimas épocas vale muito pouco. O que vale muito é o que fizemos ao longo do ano e isso dá confiança para encarar qualquer adversário com confiança de podermos ganhar.”
ABORDAGEM DAS DUAS EQUIPAS: “Eu falo sobre aquilo que nós podemos fazer no jogo. A forma como o AVS o vai encarar será uma incógnita até o jogo começar. É uma equipa que passou por altos e baixos, no meu entender até não começou mal a época, passaram por algumas alterações técnicas que criam sempre algumas oscilações. Mas têm um plantel com muita qualidade, extremos desequilibradores, dois pontas-de-lança com muitos créditos em Portugal e não só, uma equipa cheia de talento. Mas vão encontrar um Vizela também com talento, com muita confiança. Isto e uma eliminatória, sabemos que nãos e resolve amanhã, mas queremos encarra o jogo para, se possível, chegarmos à segunda parte da eliminatória em vantagem.”
BILHETES E ADEPTOS DO FC VIZELA: “Seguramente seríamos mais se houvesse outra disponibilidade de bilhetes, mas o futebol é assim mesmo. Temos de nos adaptar às regras do jogo. Sei que os que forem vão apoiar-nos muito, sei que estão contentes com a forma como nos temos portado. Nós vamos tentar dar uma boa resposta, não será por irem mais duzentas ou trezentas pessoas que não os vamos sentir. Sei que vão ser fervorosos de inicio ao fim, sei que nos vão apoiar desde a saída de Vizela e espero, de coração, ter uma exibição à altura daquilo que eles nos têm dado e que permita que nos rececionem em Vizela da forma como nos têm recebido ao longo destas semanas todas.”
AUSÊNCIA DE RHYNER: “Ter menos jogadores condiciona sempre. Temos tido alguns azares com lesões. O Jójó lesionou-.se contra uma placa de publicidade, o Lebedenko lesionou-se contra um poste. Mas nós, como equipa, e os jogadores têm ajudado muito, temos encontrado soluções. O Rhyner tem sido opção regular, mas o Jota é o nosso capitão e tenho a certeza que vai dar uma resposta à altura.”
VALOR DO PLANTEL: “Espero que no final dos 180 minutos possa ter essa opinião. Vamos trabalhar muito para isso. É verdade aquilo que disse. Normalmente as pessoas olham para a equipas que ganham mais vezes, valoriza-se muito o trabalho pelos resultados, mas além dos resultados terem sido muito positivos, também é verdade que – e eu sou suspeito – dá mesmo prazer chegar a casa e rever os nossos jogos, ver uma equipa que acredita, que joga bem, que procura, que não fica à espera que seja a sorte ou o azar a decidir os jogos. É verdade que um lance de algum infortúnio nos tirou a subida direta, mas as coisas não acontecem por acaso e nós acreditamos mesmo muito que o destino quis deixar a melhor equipa para o fim.”
EFEITO FÁBIO NA MUDANÇA DO FC VIZELA: “Eu acho que tive uma interferência grande na mudança, na crença que os adeptos voltaram a ter na equipa e na forma de jogar na mesma. Mas qualquer mudança, no futebol, é operada pelos jogadores. O meu mérito, se calhar, foi convencê-los que ainda havia uma caminho diferente que nos podia levar a um destino diferente do que parecia traçado nessa altura. E eles têm o mérito de ter acreditado em mim, terem-se sentido atraídos pela nossa ideia de jogo e terem percebido, semana após semana, que as coisas podiam resultar e eles eram muito melhor do que aquilo que pareciam. Não é pelo Fábio que o Morschel tem 11 golos, que o Diogo tem feito o que tem feito. O talento é deles, eu só lhes mostrei um caminho diferente a seguir e eles acreditaram em mim.”