Da subida ao céus ao harakiri final

Montanha russa de emoções no final do jogo. O FC Vizela ganhava 2-0 aos 82 minutos, consentiu a reviravolta com erros próprios e salvou um ponto no último lance. O 3-3 final sabe a muito pouco.

Há jogos difíceis de explicar e resultados mais difíceis ainda de aceitar. Este é um deles. Não é que o FC Vizela não tenha tido responsabilidades na reviravolta consentida ao Estoril, mas essencialmente porque soube ser melhor quando tinha de o ser (toda a primeira parte)) e aguentar bem até à reta final do encontro. Aos 83′, o primeiro golo do Estoril fez voltar os fantasmas e logo depois os piores receios foram confirmados e a dobrar: empate dos canarinhos e reviravolta em apenas 10 minutos. Valeu o empate de Lebedenko no último lance do jogo para não entregar tudo, mas o empate soube a muito pouco.

Como dissemos, o FC Vizela foi melhor na primeira parte. Muito melhor, aliás, Aos 14 segundos já Essende tinha a primeira ocasião. Logo depois do primeiro minuto, o francês teve a segunda mas, como no primeiro lance, dominou mal e o esférico perdeu-se. Só dava Vizela, muito pela ação de Domingos Quina a construir e da forma coletiva como toda a equipa se envolvia no processo de pressão e, depois, ataque. As ocasiões sucediam-se. Tomás Silva, aos 15′, permitiu uma grande defesa de Dani Figueira e depois foi Petrov a rematar à figura. O golo era mais do que expectável, mas foi preciso o Estoril assustar na primeira vez que foi à baliza de Buntic para aparecer. O mérito começa por ser de Domingos Quina, que ganha a Tiago Araújo na insistência e cruza com precisão para Essende, que desvia bem para o primeiro do Vizela. O segundo não demorou muito. Novamente Quina na assistência, agora pelo chão e a isolar Essende, que à saída de Dani Figueira fez o 13º golo na I Liga. Estavam decorridos 36 minutos. E mesmo assim, entre um e outro golo, só deu Vizela. O Estoril, em toda a primeira parte, só ameaçou de canto (41′), com um cabeceamento ao lado.

O intervalo fez bem ao Estoril, que passou a assumir o jogo, mas raramente encontrou espaços para ter ocasiões soberanas. Um ou outro remate de longe (destaque para um de Heriberto, aos 59′), uma ou outa bola parada, mas sempre sem muito perigo. Aliás, o momento em que o golo esteve mais próximo até foi do Vizela, aos 79′, quando Basso quase fez autogolo. A vitória parecia assegurada, mas há coisas que não têm muita explicação. Minuto 83′, canto para o Estoril, desvio de Marqués e golo para os canarinhos. E logo na jogada seguinte (85′) o empate, num lance infeliz e em que o desvio de Anderson bate em Zanocello e a bola entra na baliza de Buntic. O 2-2 ressuscitou fantasmas antigos e o resto do jogo podia ter caído para qualquer lado. Aliás, contra todas as probabilidades, começou por cair para o Estoril, que viu Guitane aos 90+3′ pegar na bola, driblar dois adversários e fazer o incrível 2-3. Mas ainda estava o visitante a festejar e na jogada seguinte (90+5′) foi Lebedenko, de cabeça, a dar sequência a um canto de Samu para o 3-3 final. A montanha russa de emoções terminara, mas o empate sabe a muito pouco para o Vizela, que tocou o céu com 45 minutos de grande nível e acabou por cometer harakiri na reta final do jogo.

Ficha Técnica

FC Vizela 3-3 Estoril Praia

Local: Estádio do FC Vizela (1910 espectadores)

Árbitro: Fábio Melo (AF Porto)
Assistentes: Sérgio Jesus/ Fábio Silva
4º Árbitro: Rui Lima (AF Viana do Castelo)
Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: José Bessa (AF Porto) / Nuno Manso

FC Vizela (3x5x2): Buntic; Jota, Anderson, Lebedenko; Tomás Silva, Bruno Costa, Samu, Domingos Quina (Diogo Nascimento, 66’), Matheus Pereira; Petrov (Dylan, 80’), Essende.

Suplentes não utilizados: Bursac, Aléx Mendez, Abdul, Busnic, Rashid, Rodrigo Escoval, Soro.

Treinador: Rubén de la Barrera

Estoril Praia (3x4x3): Daniel Figueira (C); Volnei, (Raúl Parra, 81’), João Basso, Mangala (F.Winther, 58’); Heriberto, Mateus Fernandes, Zanocelo, Tiago Araújo (Fabrício, 72’); Rafik Guitane, João Carlos (Marqués, 81’), João Marques (Cassiano, 58’)

Suplentes não utilizados: Marcelo Carné, Sy, Michel, Mor Ndiaye.

Treinador: Vasco Seabra

Golos: 1-0 Essende (26’), 2-0 Essende (37’), 2-1 Marqués (83’), 2-2 Vinícius Zanocelo (85’), 2-3 Rafik
Guitane (90+3’), 3-3 Lebendenko (90+5’).

Cartões amarelos: Mangala (16’), Essende (26’), Matheus Pereira (88’), Raúl Parra (95’), Daniel Figueira
(90+5´)

Cartões vermelho: Nada a assinalar

“Este empate sabe a derrota. Fizemos uma primeira parte muito boa e errámos na segunda. Os golos não me animam muito assim. Queria era vencer. Vamos tentar fazê-lo já para a semana”

Essende (Jogador do FC Vizela e MVP)

“Tivemos ocasiões para fazer mais golos na primeira parte. Na segunda não tivemos bola, gerimos mal durante alguns minutos e demos tiros nos pés. A sensação é de derrota”

Rubén de la Barrera (Treinador do FC Vizela)