O treinador do FC Vizela falou em conferência de imprensa em antevisão do jogo frente ao Sporting (sexta-feira, 21h15), último desta época. Tulipa garante a equipa pronta e promete luta aos leões, até porque há objetivos a cumprir.
A meta dos 42 pontos continua presentes, bem como a necessidade de ser sério e mostrar caráter, num jogo sempre interessante e que marca a despedida da época. Tulipa debruçou-se sobre todos esses assuntos e fez ainda uma reflexão sobre o que pode melhorar na arbitragem em Portugal.
ÚLTIMO JOGO DA ÉPOCA: “Acima de tudo queremos fazer um bom jogo, um jogo competitivo. E como ainda não alcançámos o segundo objetivo, queremos pontuar de forma a conquistarmos os 42 pontos. Temos de estar preparados para defrontar um adversário difícil, com muita competência, mas a nossa equipa, pelo que foi a semana de treinos, está num grau de exigência elevado, quer conquistar esse objetivo, quer pontuar e tudo faremos para que no último jogo, na despedida aqui no nosso estádio com os nossos adeptos, podermos dar-lhes uma alegria. Essa alegria passa por darmos um bom jogo, até porque ninguém ganha ao Sporting CP se não for competente e jogar bem.”
ABORDAGEM AO JOGO: “Nos últimos tempos temos mudado alguns jogadores. Houve também alguns jogadores com alguns problemas, como o Nuno Moreira, que foi tendo algumas lesões a partir da 7ª jornada da segunda volta. Fomos alterando por aí, fomos alterando também o nosso pivô no meio-campo, mas quando jogamos um jogo de futebol, seja ele o primeiro ou o último, estão sempre muitas coisas em disputa. A nossa intenção, a forma como preparamos o jogo, o nosso carácter, a forma como queremos que as nossas coisas se estimulem no jogo, ferir o adversário, ter protagonismo, não inverter a tendência de fazermos coisas diferentes por termos um adversário mais competente… Há sempre algo em jogo e estes desafios que já referi são os que nos estimulam. Ou seja, temos de ser nós os criadores destas coisas. Se não o conseguirmos, não é problema sabermos que não fomos capazes de o fazerTemos de ser mais fortes e tentar novamente.”
O QUE FALTA CONTRA OS “GRANDES”: “No dia em que as decisões forem corretas para ambas as partes – e falo de decisões que competem a uma terceira equipa – , quando houver essa imparcialidade, os resultados serão muito diferentes aqui em Portugal. Nos jogos frente ao SL Benfica e ao Sporting CP, foi isso que fez a diferença. Fomos muito competentes aqui em casa frente ao SL Benfica – e na primeira volta, lá, também – fomos igualmente contra o Sporting CP e a verdade é que não trouxemos nada para o nosso grupo. Acho que tem a ver com isso. Fomos percebendo que algumas decisões são para penalizar e outras não. É esta falta de coerência que não pode acontecer no nosso campeonato. As coisas têm de ser bem claras para todos. Podia referir também o último jogo onde houve dois lances cruciais que, na minha opinião, não foram bem julgados, e é isso que acontece muitas das vezes. Com isto não me quero desculpar com nada, mas olho para o que podemos avançar no nosso campeonato e, se fizermos um upgrade disso, seremos uma melhor competição, não haverá tanta diferença de pontos entre as grandes equipas e as pequenas. Teremos coisas bem mais claras.”
OPÇÕES PARA O ONZE: “Não iremos fugir muito do último. Vamos trocar dois ou três jogadores. Porque tivemos muito tempo para andarmos confortáveis e porque ficamos com o nosso principal objetivo conquistado, isso dá-nos margem para pensarmos um bocadinho nos jogos mais à frente. Eu tinha estipulado que alguns jogadores iriam poder jogar – porque ainda não o tinham feito, mas porque trabalham bem, porque nós não estamos aqui para dar oportunidades sem que realmente se mereçam. Eu entrei aqui vindo da equipa de sub-23. Gosto muito da equipa e dos jogadores sub-23, acho que há potencial para que, com tempo e qualidade, possamos avançar para esses jogadores, dar-lhes espaço para jogarem, mas também percebo que os que estão connosco fizeram as coisas muito bem. Para mim, estes seis meses foram um grande desgaste, não por questões de gerir as minhas ideias, emoções e grupo. E tenho de deixar bem claro que as pessoas que trabalharam muito próximas a mim foram excelentes, nomeadamente os jogadores e toda a envolvência ao nosso redor. Para além do excelente trabalho, deram-me um grande apoio em tudo o que fiz. Tivemos este tempo todo e temos de perceber constantemente o que aconteceu e para onde queremos ir. Isto é o que eu faço sempre com o meu trabalho. Chegamos a uma etapa que fizemos claramente muito bem o nosso trabalho e eu fui pedindo coisas diferentes. Temos de ter esta ambição de despertar um conjunto de ambições que nos deixem muitas vezes em dúvida, que sejam difíceis de atingir. Todos somos apaixonados pelo futebol por causa da bola e fomos criando a ambição de querer ter mais tempo de bola, o que nos obrigou a muitas coisas. A resposta no imediato dos jogadores foi boa. É que apesar de virmos de seis jogos sem ganhar, o único em que não fizemos as coisas bem e fomos inferiores ao adversário, foi o que perdemos frente ao Vitória SC. Os restantes tanto podiam dar para nós como para o adversário e há um conjunto de afinações que temos de olhar. Concluindo o meu raciocínio anterior, eu percebo o que esta malta, que os jogadores fizeram por mim. Não sou ingrato, percebo isso. E para darmos passos em frente temos de ter gente forte, gente convicta, com ideias, um plano. E gente que não tenha medo para que possamos preparar bem o futuro do clube. No próximo ano será uma guerra… Cada equipa irá querer ser mais competente e nós temos como referência três equipas que no ano passado fizeram uma classificação incrível, como o Santa Clara, o Paços de Ferreira e o Marítimo e duas delas desceram já de divisão. Quando atempadamente temos tempo para preparar as coisas, não as podemos deixar para o dia seguinte. Portanto, eu acho importante darmos esses passos, porque se eu não fosse seguro de mim e consistente, possivelmente não teria aguentado tudo o que se passou. Segui o meu caminho, foquei-me no meu trabalho, na dedicação que tive de ter com a equipa, porque ela é competitiva, é boa, tem jogadores inteligentes e que olham para as pessoas que estão à frente deles.”
PRÓXIMA ÉPOCA: “Não estou a preparar a próxima época. Estou a preparar o jogo com o Sporting CP e depois veremos o que vai acontecer.”
PRÓXIMO JOGO: “Vamos querer fazer o melhor jogo da época. Os jogos não dependem apenas de uma equipa, mas sim do que a outra é também capaz de fazer, mas a nossa intenção é disputarmos os jogos da melhor forma possível com aquilo que são as características dos nossos jogadores e irmos em frente. A nossa intenção é assegurar a nossa posição e o clube competir outra vez na primeira divisão, mas também é promover um conjunto de intenções que melhore a qualidade individual e coletiva dos nossos jogadores, porque ninguém consegue viver num mercado tão competitivo como este sem vender. Nós analisamos o Sporting CP nesta época e o da época anterior e percebemos o que não correu bem. Ou seja, quando entrou no campeonato, estava a vender jogadores influentes e toda essa fase de inicio de época tem um efeito muito grande naquilo que é o desenvolvimento e rendimento das equipas. É por este motivo que falo em fazer as coisas atempadamente e a nossa obrigação enquanto treinadores é promover um conjunto de capacidades para melhorar o jogador e torná-lo comercial, porque os clubes hoje precisam disso, porque cada vez mais os plantéis serão bem construídos, as estruturas custam cada vez mais dinheiro e a única forma de nós podermos ajudar a nossa estrutura e administração é melhorando a qualidade dos nossos jogos e dos nossos jogadores individualmente.”
MELHORIAS NA ARBITRAGEM: “ O melhor era entendermos melhor o diálogo entre o VAR e os árbitros e que seja exposto isso, porque às vezes as decisões são contrárias. Quando o VAR chama o arbitro é porque julga que a decisão dele é errada. Há, por exemplo, uma incoerência muito grande sobre a volumetria, entre percebermos que para uns o braço está aqui, a bola bate e é penálti, mas para outro o braço está no mesmo sitio e não é penálti. São todas essas incoerências que nós temos de dissipar para haver um conjunto de decisões que não seja tanto para um lado e tão pouco para o outro. É só isto, porque eu tenho um respeito enorme pelos árbitros por achar que eles têm a maior tarefa num jogo e que estão constantemente a decidir e tomar decisões muito rapidamente com a ajuda do VAR e que deviam promover assertividade. Vemos isso muitas vezes. Tem mais a ver com o VAR do que propriamente com os árbitros, porque eles fazem apenas o seu trabalho e muito bem.”