A equipa de Álvaro Pacheco apresentou-se na Luz determinada a trazer pontos na bagagem e fez bem por merecer, estando em vantagem até ao minuto 76 com um golo de Osmajic, só que uma grande penalidade muito discutível ao nono (!) minuto de compensação ditou uma reviravolta demasiado inglória para quem tão bem trata o futebol.
Impotência talvez seja o termo que melhor retrate aquilo que os vizelenses viveram nos instantes finais da partida. Orgulho (muito) talvez defina aquele que foi o desempenho do FC Vizela, uma equipa sempre destemida, séria, altamente personalizada, que criou o maior desconforto vivido pelo Benfica no seu estádio na presente temporada.
A primeira parte foi de enorme competência e rigor por banda do FC Vizela. Muito concentrada e organizada defensivamente, a turma de Álvaro Pacheco neutralizou com grande mérito aquela que tem sido uma das principais virtudes deste Benfica, o seu poderio ofensivo.
Apesar da maior posse de bola e de algumas aproximações à área dos azuis, apenas por duas vezes, o Benfica criou real perigo. Primeiro, num cabeceamento de Gonçalo Ramos à barra, aos 10’; bem mais tarde, aos 37’, num livre apontado por João Mário, ao qual Buntic respondeu com uma belíssima intervenção.
Mas não foi só no plano defensivo que o FC Vizela revelou grandeza. Nas saídas para o ataque, a equipa mostrou critério, inteligência e… magia!
Numa transição simples e muito bem definida, a arte de Kiko Bondoso iluminou o relvado da Luz e Osmajic fez o resto. O possante montenegrino seguiu imparável, após assistência sublime de Kiko Bondoso, e desfeiteou Odysseas com um pontapé certeiro para delírio dos adeptos vizelenses que viajaram até Lisboa e para os milhares que seguiram o jogo na cidade termal.
Praticamente sobre o intervalo, contrariedade para o FC Vizela com a substituição forçada de Bruno Wilson, por lesão, ele que esteve autenticamente intransponível.
Para o reatamento, Álvaro Pacheco lançou o experiente Claudemir, incorporando experiência na equipa para enfrentar a esperada reação encarnada.
E a verdade é que, às primeiras tentativas de Florentino e Enzo Fernández, respondeu bem o FC Vizela por Anderson, na insistência a um canto, e por Osmajic, que encheu o pé do meio da rua e viu o remate desviado pelo corpo de António Silva, aos 52’ e 55’, respetivamente.
Os azuis mantiveram uma postura altamente competitiva, porém, já depois de Álvaro Pacheco ter refrescado o ataque com as entradas de Zohi e Alvarado, o Benfica logrou o tento da igualdade.
Estavam decorridos 76’, quando David Neres encontrou espaço à entrada da área para atirar forte à baliza e, assim, consumar um empate que começava a tornar-se improvável, em função da excelente prestação da equipa vizelense.
Este golo, dada a fase do encontro e o apoio dos quase cinquenta mil espectadores das águias, não atemorizou o FC Vizela, que, já com Diego Rosa em campo, teve no médio uma aproximação perigosa à área encarnada e nunca desistiu de procurar sair para o ataque com bom futebol.
À entrada para o tempo extra, Gonçalo Ramos deixou o Benfica reduzido a dez, expulso por acumulação de cartões, e o FC Vizela permaneceu solidário na entreajuda coletiva até ao nono minuto desse período, quando foram adicionados oito ao tempo regulamentar. Momento em que o árbitro Fábio Veríssimo entendeu que Diego Rosa, de costas para o lance, cometeu grande penalidade (convertido por João Mário aos 90’+12’), castigando em demasia uma equipa que se mostrou sempre fiel ao seu jogo e ao futebol positivo que já lhe é completamente caraterístico.
O campeonato prossegue no próximo dia 12 (segunda-feira), com uma receção ao Estoril Praia, um encontro agendado para as 20h15.
FICHA TÉCNICA
SL Benfica 2-1 FC Vizela
Local: Estádio do Sport Lisboa e Benfica (47.000 espectadores)
Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)
Assistentes: Pedro Martins / Hugo Marques
4º Árbitro: Ricardo Baixinho (AF Lisboa)
Vídeo-Árbitro (VAR) / AVAR: António Nobre (AF Leiria) / Nélson Pereira
SL Benfica (4x2x3x1): Odysseas; Gilberto (Alexander Bah, 74’), António Silva, Otamendi (C) e Grimaldo; Enzo Fernández (Aursnes, 67’) e Florentino (Musa, 67’); David Neres (Diogo Gonçalves, 90’+7’), João Mário e Rafa; Gonçalo Ramos.
Suplentes não utilizados: Helton Leite, Chiquinho, Ristic, Henrique Araújo e Paulo Bernardo.
Treinador: Roger Schmidt
FC Vizela (4x3x3): Buntic; Tomás, Bruno Wilson (Ivanildo, 45’), Anderson e Kiki (C); Alex Méndez, Raphael Guzzo (Claudemir, 46’) e Samu; Kiko Bondoso (Diego Rosa, 80’), Osmajic (Alvarado, 66’) e Nuno Moreira (Zohi, 66’).
Suplentes não utilizados: Luiz Felipe, Igor Julião, Rashid e Sarmiento.
Treinador: Álvaro Pacheco
Golos: 0-1 Osmajic (20’), 1-1 David Neres (76’) e 1-2 João Mário (90’+12’, g. p.).
Cartões Amarelos: Raphael Guzzo (26’), Otamendi (42’), Tomás (45’+1’), Enzo Fernández (51’), João Mário (82’ e 90’+13’), Aursnes (84’), Alex Méndez (86’), Gonçalo Ramos (89’ e 90’+1’) e Diego Rosa (90’+9’).
Cartões Vermelhos: Gonçalo Ramos (90’+1’) e João Mário (90’+13’).
“Perdemos ao fim de 106 minutos. Na segunda parte, foram 8 de compensação e o penálti vem ainda depois disso. Sentimo-nos muito pequeninos, mas tenho muito orgulho de Vizela e do FC Vizela.”
Álvaro Pacheco, treinador do FC Vizela
“Estamos orgulhosos, vínhamos para ganhar, criámos dificuldades a uma grande equipa, saímos muitas vezes para o ataque e perdemos a acabar”
Kiki, jogador e capitão do FC Vizela