Vizelenses foram grandes na casa do líder e mereciam mais

A formação comandada por Álvaro Pacheco faz jus à velha máxima que marcou a luta de Vizela pela autonomia concelhia: “Vizela é assim e luta até ao fim!”

Pois bem, esta partida no mítico Estádio António Coimbra da Mota, casa do Estoril Praia há tantos anos quantos aqueles que compõem a história da existência do emblema da Rainha, é elucidativa da enorme alma, crença e união que reside na equipa vizelense.

Sabia-se que este Estoril Praia é, de facto, uma das melhores equipas da Liga Portugal 2 e o seu percurso de vitórias sublinha o mérito da liderança e a valia dos seus jogadores.

Sabia-se também que a última equipa a sair daquele estádio com os três pontos havia sido o Feirense, no início do ano civil de 2020, e, já esta época, tinha sido a única a pontuar lá.

O que muitos certamente não esperariam era ver um FC Vizela tão forte na casa do líder da prova, em especial, na segunda parte, apesar daqueles dois golpes que obrigaram a equipa vizelense reagir, sem nunca se descaraterizar e demonstrando uma capacidade mental inabalável.

Os primeiros vinte minutos mostraram um Estoril Praia mais perigoso com a rapidez do seu trio atacante a causar problemas à defensiva vizelense. Pedro Silva, por duas ocasiões, aos 4’ e aos 13’, foi destemido e evitou o golo a Aziz, que, tal como Zé Valente, se destacou no FC Vizela.

Aos 19’, em contra-ataque, o mesmo Aziz assistiu Harramiz que, à entrada da área, rematou muito colocado ao fundo das redes, fazendo o primeiro golo do desafio para os da casa.

A chuva persistente que se abateu na região lisboeta era uma ameaça para o espetáculo, ainda assim, os vizelenses adaptaram-se bem e começaram a assumir as despesas do encontro.

Até ao intervalo, o FC Vizela justificou claramente outro resultado, com Samu em destaque a rematar e a municiar os colegas. Foi ele quem obrigou Daniel Figueira a defesa apertada, aos 34’.

À medida que o primeiro tempo se ia esgotando, a pressão exercida pelos vizelenses era cada vez maior sobre o setor recuado dos canarinhos, desenhando-se bons lances de envolvimento coletivo como aquele que resultou no remate de Koffi (35’) ou no de Diogo Ribeiro (39’).

O reatamento trouxe um FC Vizela ainda mais determinado em mostrar a sua valia. Contudo, aos 52’, na sequência de um canto, Gamboa, de cabeça, fez o 2-0, complicando a tarefa.

Sem nada a perder, os vizelenses partiram com toda a força para o ataque e a reação não se fez esperar. Kiki, aos 56’, aproveitou um lance de bola parada para relançar o desafio.

Álvaro Pacheco refrescou a equipa e os “reforços” que saltaram do banco trouxeram ainda mais força e intensidade ao jogo vizelense. Um cruzamento de André Soares por pouco não entrou na baliza estorilista. Mais tarde, o mesmo jogador surgiu muito bem nas costas da defensiva contrária a rematar, porém, a bola saiu às malhas laterais.

O Estoril Praia já só conseguia chegar à baliza de Pedro Silva num ou noutro rasgo, o mais perigoso por André Clóvis, resolvido de forma exemplar por Aidara.

O tempo de compensação foi verdadeiramente emocionante com o FC Vizela a exercer uma pressão enorme junto da baliza de Daniel Figueira, a quem o Estoril Praia bem pode agradecer, pois evitou o cabeceamento vitorioso de Tavinho com uma vistosa intervenção.

O endiabrado Tavinho surgiu outra vez em grande, no sítio certo, no último minuto, a desviar para o fundo das redes uma primeira tentativa de Samu. Festa rija nas hostes vizelenses com um 2-2 a recuperar uma parte da justiça ao resultado.

A estatística final não engana: 18 remates do FC Vizela contra apenas 6 dos da casa, um registo que justificaria naturalmente o primeiro êxito fora de portas.

Aquilo a que chamam de “estrelinha” na gíria futebolística foi por demais merecida, a mesma que não esteve com a equipa vizelense há uma semana atrás, com o Boavista, ou em outras ocasiões anteriores neste supercompetitivo campeonato.

Na análise à partida, Álvaro Pacheco sublinhou o excelente espetáculo na Amoreira: «Foi um jogo entre duas equipas com muita qualidade, que promovem o jogo», começou por dizer.

«Por aquilo que fizemos, os três pontos assentariam melhor à nossa equipa. Os meus jogadores acreditaram sempre. Isto demonstra o que é andar de Rainha ao peito. Nunca desistir, lutar pelos nossos valores e ir sempre em busca de algo que nos faça crescer. Fomos premiados com o golo no final, que é inteiramente merecido», salientou Álvaro Pacheco.

O próximo encontro da Liga Portugal 2 está agendado para sábado, dia 05 de Dezembro, às 17:00 horas, em casa. O Académico de Viseu, penúltimo classificado da competição, é o adversário e o desafio será transmitido pelo Canal 11 da FPF.

 

Ficha Técnica

GD Estoril Praia 2-2 FC Vizela

Local: Estádio António Coimbra da Mota

Árbitro: Fábio Melo (AF Porto)

Assistentes: Carlos Campos e Luís Costa

4º Árbitro: Paulo Brás (AF Guarda)

GD Estoril Praia: Daniel Figueira; Carles Soria, Hugo Basto, Hugo Gomes e Joãozinho (C); Gamboa, Crespo (Rosier, 66’) e Zé Valente (Lazare, 76’); Harramiz, Aziz (André Clóvis, 80’) e André Vidigal (Chiquinho, 66’).

Suplentes não utilizados: Thiago Rodrigues, João Diogo, Murilo, Marcos Valente e André Franco.

Treinador: Bruno Pinheiro

FC Vizela: Pedro Silva; Koffi, Matheus, Aidara e Kiki (Ofori, 73’); Zag (C) (André Soares, 67’), Marcos Paulo e Samu; Cann (Cardozo, 67’), Diogo Ribeiro (Tavinho, 73’) e Kiko Bondoso (Cassiano, 55’).

Suplente não utilizado: Manuel Baldé, Ericson, Mosevich e João Pedro.

Treinador: Álvaro Pacheco

Golos: Harramiz (19’), Gamboa (52’), Kiki (56’) e Tavinho (90’+5’).

Cartões Amarelos: Aziz (45’+1’), Marcos Paulo (47’) e Crespo (48’).

Cartões Vermelhos: André Vidigal (90’+5’) e João Diogo (após final do jogo).