Um pouco à imagem da campanha anterior na Taça de Portugal, o FC Vizela despediu-se da prova rainha com um forte sentimento de injustiça, tal foi a qualidade e capacidade demonstradas frente a um histórico do futebol português, detentor de cinco troféus nesta competição.
Foram duas horas de alta voltagem vizelense, nas quais só a pontinha de sorte não se aliou ao excelente espetáculo proporcionado pela turma de Álvaro Pacheco, que acabou por ser atraiçoado pelo tento solitário de Yusupha no decurso do prolongamento.
O Boavista, que se projeta para outros voos com um plantel novo, dotado de vários nomes com carreiras promissoras e recheadas de internacionalizações, certamente se terá surpreendido com a entrada autenticamente avassaladora do emblema da Rainha.
Antecedido por um minuto de silêncio em memória do sócio benemérito João Oliveira, falecido na passada quinta-feira, o apito inicial trouxe um FC Vizela a criar situações de golo em catadupa.
Logo aos 3’, Cassiano deu o aviso com um cabeceamento ao lado. Em seguida, Marcos Paulo, o capitão da equipa nesta partida, fez o esférico rasar o poste com um potente remate.
Aos 6’, na sequência de um bom envolvimento ofensivo, Samu cruzou e Kiko Bondoso ainda estará a questionar-se como não conseguiu acertar na baliza desguarnecida dos boavisteiros.
O primeiro quarto de hora foi tremendo. Koffi, na insistência, atirou ao poste, naquela que seria a primeira de duas bolas aos ferros por parte dos vizelenses.
Mais tarde, Kiko Bondoso voltou a desfrutar de uma boa hipótese para poder abrir o ativo, com o FC Vizela a manter em sentido um Boavista que não conseguiu sequer incomodar a baliza à guarda de Pedro Silva.
Na etapa complementar, o emblema da Rainha continuou a dominar a pantera e a ameaçar o golo com novas investidas bem demonstrativas da confiança e consistência da sua ideia de jogo.
Aos 62’, Cassiano, de cabeça, viu a bola sair muito perto do poste, no seguimento de um livre executado por Kiko Bondoso sobre a esquerda. Cann também armou o remate, antes da lesão aparentemente grave do boavisteiro Miguel Reisinho.
De resto, a primeira situação de maior perigo por parte do Boavista aconteceu somente aos 74’, num remate de Hamache, que tabelou no corpo de Mosevich e quase traiu Pedro Silva.
Aos 78’, nova situação prometedora para o FC Vizela com Cann, sempre muito ativo no ataque, a rematar outra vez muito perto do poste.
Do outro lado, apenas Yusupha deu algum trabalho a Pedro Silva, em particular num remate rasteiro aos 83’, mas seriam os vizelenses a fechar o tempo regulamentar com mais uma excelente ocasião para marcar. Na correspondência a um canto, Kiko Bondoso fez o desvio de cabeça e a bola voltou a beijar o poste esquerdo da baliza de Léo Jardim.
Obrigada a um esforço suplementar, nem por isso a equipa vizelense tirou o pé do acelerador e deixou de visar a baliza axadrezada, prosseguindo apostada num futebol de ataque.
Porém, aos 104’, contra a corrente do encontro, foi no seguimento de um livre lateral executado por Hamache que o Boavista chegou ao golo feliz e solitário do desafio, com Yusupha, nas alturas, a cabecear para o fundo das redes e a deixar um sabor de total injustiça no resultado.
Sem nada a perder, o tempo extra acabaria por ter um FC Vizela a encostar o Boavista às cordas com uma pressão final que quase, quase acabou por dar frutos.
Diogo Ribeiro rematou para defesa incompleta de Léo Jardim, aos 120’, mas seria Ericson, aos 120’+2’, a ficar ainda mais perto do empate com uma bola na barra, um lance que acaba por ilustrar a falta de sorte que o FC Vizela teve num desafio em que foi muito melhor que o adversário e em que tudo fez para triunfar.
No rescaldo à partida, Álvaro Pacheco, salientou a superioridade e capacidade evidenciadas pelos seus jogadores e a injustiça do resultado: «Perdeu a melhor equipa. Durante os 120 minutos, fomos a equipa mais dominadora, a que mais oportunidades criou», começou por dizer.
«Temos uma cultura de jogar sempre para ganhar. Ficou demonstrado que merecíamos continuar nesta prova. Temos que dar continuidade a esta vontade de ganhar», referiu Álvaro Pacheco, numa alusão já ao próximo desafio no terreno do Estoril Praia.
O encontro relativo à 10.ª jornada da Liga Portugal 2 está marcado para as 14:00 horas de domingo, dia 29 de Novembro, no Estádio António Coimbra da Mota, e terá transmissão televisiva por parte da Sport TV +.
Ficha Técnica
FC Vizela 0-1 Boavista FC
Local: Estádio do Futebol Clube de Vizela
Árbitro: António Nobre (AF Leiria)
Assistentes: Pedro Ribeiro e Nuno Pereira
4º Árbitro: Gonçalo Carreira (AF Leiria)
FC Vizela: Pedro Silva; Koffi, Mosevich (Matheus, 106’), Aidara e Ofori (Kiki, 91’); Marcos Paulo (C), Cardozo (Ericson, 106’) e Samu; Cann (André Soares, 106’), Cassiano (Diogo Ribeiro, 106’) e Kiko Bondoso (Tavinho, 91’).
Suplente não utilizado: Manuel Baldé.
Treinador: Álvaro Pacheco
Boavista FC: Léo Jardim; Reggie Cannon, Cristian Devenish (Jackson Porozo, 91’), Chidozie e Hamache; Sebastián Pérez (Miguel Reisinho, 46’; Show, 70’), Javi García (C) e Angel Gomes (Jorge Benguché, 96’); Gustavo Sauer, Yusupha e Paulinho (Nathan Santos, 89’).
Suplentes não utilizados: João Gonçalves e Tiago Morais.
Treinador: Vasco Seabra
Golo: Yusupha (104’).
Cartões Amarelos: Paulinho (17’), Sebastián Pérez (27’), Samu (30’), Koffi (44’), Javi García (60’), Aidara (79’), Yusupha (90’ e 120’+1’), Cann (97’), Mosevich (102’) e Show (105’), Matheus (106’) e Léo Jardim (111’).
Cartões Vermelhos: Álvaro Pacheco (112’) e Yusupha (120’+1’).